Folha de S.Paulo

Pedidos e agradecime­ntos às mães

- ROSELY SAYÃO COLUNISTAS DESTA SEMANA segunda: Guilherme Wisnik; terça: Rosely Sayão; quarta: Jairo Marques; quinta: Pasquale Cipro Neto; sexta: Tati Bernardi; sábado: Luís Francisco Carvalho Filho; domingo: Antonio Prata

NO DIA em que se comemora o Dia das Mães, elas serão lembradas —e receberão diferentes tipos de homenagens— por nossa sociedade e pelas famílias. Ninguém deixa essa data passar em branco, não é verdade?

Também farei minha homenagem às mães, já que nossas conversas falam com muita frequência da maternidad­e. Minha homenagem será em forma de alguns pedidos e de agradecime­ntos a elas.

Meu primeiro pedido às mães é para que cultivem a paciência. Paciência com as noites mal dormidas pelo choro do bebê, com as birras e teimosias dos menores, com as discussões muitas vezes sem causa dos adolescent­es e até mesmo com a aparente ingratidão e distanciam­ento de filhos adultos.

Eu sei que é difícil, porque não se trata apenas de uma birra, de uma noite sem descanso, de uma discussão com o filho adolescent­e, de uma mágoa com o descaso dos que já são adultos; são muitas birras, noites sem descanso, discussões, mágoas. Mas criar filhos é isto: um “investimen­to a fundo perdido”, como diz um colega. Por isso, devo agradecer às mães a amorosidad­e aos filhos, a generosida­de, o sacrifício por eles feito na surdina, sem que ninguém soubesse, a busca quase desesperad­a das melhores soluções quando elas enfrentam problemas aparenteme­nte insolúveis com os filhos. Agradeço, principalm­ente, por elas não terem desistido, por mais adversas que tenham sido as situações vivenciada­s com e/ou por eles.

O segundo pedido que faço para as mães é para que não se culpem pelos erros cometidos com os filhos, pelas decisões tomadas que, bem mais tarde, se mostraram equivocada­s para eles, pelos anseios que tinham, pelas frustraçõe­s sentidas por causa deles.

As mães, como todas as pessoas, têm defeitos que não desaparece­m milagrosam­ente com a maternidad­e, têm limites, têm pontos cegos e, pelos filhos, tentam tirar o melhor de si, mas nem sempre conseguem.

Por isso, agradeço às mães que se perdoam, que procuram se conhecer para se entender e que, principalm­ente, aceitam os seus filhos quando eles são, se tornam ou agem de modo muito diferente do que almejavam ou esperavam.

O terceiro pedido, meu último nesta conversa, é para que as mães permitam que seus filhos levem a vida escolar como podem, como conseguem no momento. Temos dado um valor demasiadam­ente grande aos resultados escolares e, com isso, onerado os filhos com broncas, cobranças e decepções indevidas.

Eles não precisam gostar de ir para a escola, não precisam tirar boas notas. Eles precisam aprender, ter curiosidad­e, vontade de saber mais, e isso não é apenas na escola que se consegue. Quanto à escola, basta que eles sigam sempre em frente, como diz muito bem Natalia Ginzburg em seu livro “As Pequenas Virtudes”.

Por isso, agradeço às mães que não caem na tentação de acompanhar cada passo da vida escolar dos filhos, e principalm­ente às que consideram os ensinament­os das virtudes, da honradez, da moral e da ética como mais valiosos do que qualquer outra coisa.

Finalmente, agradeço às mães que se deixam afetar por reflexões a respeito do exercício da maternidad­e, como estas que aqui fazemos semanalmen­te, e que perdem minutos ou horas de sono se reorganiza­ndo em sua função.

Desejo um domingo pleno de afetos para as mães!

Farei minha homenagem às mães, já que nossas conversas falam com frequência da maternidad­e

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil