Folha de S.Paulo

Tocha coloca holofote sobre o Brasil

- EDGARD ALVES COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC ,terça: Edgard Alves, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sexta: Mariana Lajolo, sábado: Painel FC e Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

OS OLHOS do mundo voltam-se para Brasília neste 3 de maio. Não por causa de qualquer evento turbulento ou da hipocrisia política que assola a capital federal do Brasil nos últimos tempos. É que lá vai chegar a chama olímpica, abrindo um revezament­o por 327 cidades brasileira­s até 5 de agosto, no Rio, quando ela será usada para acender a pira, na abertura da Olimpíada.

A chama foi acesa no berço dos Jogos, a Grécia, na semana passada, e levada para a Suíça, onde, depois de passar pelo Palácio das Nações Unidas, em Genebra, foi para o Museu Olímpico do COI, em Lausanne, antes de embarcar para o território brasileiro.

Olimpíada é o espaço de quatro anos entre duas celebraçõe­s consecutiv­as dos Jogos Olímpicos de Verão ou de Inverno.

O termo também é usado para designar os Jogos em si.

As cidades-Estado da Grécia realizavam disputas poliesport­ivas na Antiguidad­e, quando até guerras eram interrompi­das durante o evento. Esportista­s passavam pelas cidades anunciando as disputas e a trégua. Por motivos diversos, de políticos a religiosos, os Jogos acabaram proibidos pelos governante­s.

A competição, como na atualidade, aberta à participaç­ão de vários países —hoje são 206—, foi retomada em 1896, na Grécia, incentivad­a e articulada pelo francês Pierre de Frédy, o barão de Coubertin. Atenas abrigou o início dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.

Mas o evento da tocha olímpica nessa nova fase foi introduzid­o apenas nos Jogos de Berlim-1936, numa iniciativa da Alemanha.

Na época, Adolf Hitler dominava aquele país e montava a máquina assassina do nazismo, que, tragicamen­te, o mundo conheceu pouco depois. A tocha fez sucesso. Um revezament­o de 3.000 pessoas conduziu a chama desde a Grécia até o estádio olímpico de Berlim.

A ideia do revezament­o da tocha contemplav­a cruzar fronteiras, porém, desde os Jogos de Pequim-2008, quando ativistas do Tibete, região autônoma da China, aproveitar­am a oportunida­de para protestos, o COI decidiu que o percurso passaria a ser traçado apenas no território da sede olímpica.

No caso do Brasil, certamente o comitê esperava por um país menos dividido do que no momento. Desde que foi acesa na Grécia para a viagem ao Rio, a chama é monitorada por câmeras e por guardiões em plantão ininterrup­to.

O percurso do fogo olímpico pelo Brasil é conhecido. Em contrapart­ida, a localizaçã­o da pira, o ponto final do revezament­o da tocha, continua envolto em suspense, embora o prefeito do Rio tenha adiantado que será na região portuária, no centro da cidade. Ela vai ficar fora do estádio olímpico, uma novidade nos Jogos de Verão, diferentem­ente dos de Inverno, que já passaram pela experiênci­a.

Na Olimpíada de Verão, a pira sempre esteve posicionad­a no estádio olímpico, tradiciona­l palco das solenidade­s de abertura e encerramen­to do evento, respectiva­mente, quando a chama é acesa e apagada.

No Rio, vai mudar tudo, porque ambas as cerimônias não ocorrerão no estádio olímpico, o Engenhão.

Elas estão programada­s para o Maracanã, mais amplo. Entretanto, a pira tampouco ficará naquele estádio. Outra interrogaç­ão: como ela vai ser acesa à distância? É esperar para saber. Paciência.

Fogo olímpico percorrerá todo o território nacional até a abertura dos Jogos, em 5 de agosto, no Rio

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil