Janot pede inquérito sobre Aécio e já prepara ação contra Dilma
Procurador deve ainda incluir Lula em apuração com base em delação de senador; todos negam as acusações
A Procuradoria-Geral da República enviou ao Supremo Tribunal Federal pedidos de abertura de inquéritos contra o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB. As ações se baseiam na delação do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS).
As solicitações estão ligadas a acusações de recebimento de propina de Furnas e de maquiagem de dados do Banco Rural a fim de esconder o mensalão mineiro. Em nota, Aécio afirmou que os inquéritos vão mostrar a “falsidade das citações”.
A Folha apurou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prepara pedido de abertura de inquérito a ser apresentado ao STF para investigar a presidente Dilma Rousseff (PT). Ela é suspeita de atuar para obstruir investigações da Lava Jato.
A ação deve envolver o expresidente Lula, que teria sido nomeado chefe da Casa Civil para mudar seu foro de investigação, e o ministro Marcelo Navarro, do Superior Tribunal de Justiça. Delcídio diz que ele foi conduzido à corte para beneficiar empreiteiros.
A assessoria de Dilma nega que ela tenha obstruído a Lava Jato. A defesa de Lula alega que a posse não tinha como propósito a obtenção de foro privilegiado. Navarro afirma que não se comprometeu a tomar decisões a favor de investigados.
Procurador diz que, apesar de ter arquivado ação contra tucano em 2015, ‘o quadro merece reavaliação’
A Procuradoria-Geral da República enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pacote de pedidos de abertura de inquéritos feitos com base na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e que inclui duas investigações contra o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Além disso, foram solicitados novos inquéritos contra o ministro da Comunicação do governo Dilma Rousseff, Edinho Silva, e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ambos já são investigados na Lava Jato.
O procurador Rodrigo Janot também pediu uma investigação contra o ministro do Tribunal de Contas da União, Vital do Rêgo, e o deputado Marco Maia (PT-RS), sob suspeitas de envolvimento com achaque a empresas na CPI da Petrobras em 2014.
Em relação a Aécio, a Folha apurou com dois investigadores da PGR que Janot solicitou um inquérito sobre suspeitas de propina de Furnas e outro relacionado à atuação do tucano, à época governador de Minas, para supostamente maquiar dados do Banco Rural com objetivo de esconder o mensalão mineiro. Janot pediu que Aécio preste depoimento em até 90 dias.
O doleiro Alberto Youssef afirmou que Aécio recebia valores mensais, por intermédio de sua irmã, da empresa Bauruense, contratada por Furnas. Em seu pedido, Janot citou que, apesar de ter arquivado investigação contra o tucano em março de 2015, “o quadro merece reavaliação”.
Afirmou ainda que uma operação da Polícia Federal no Rio encontrou indícios que confirmam a existência de uma conta no exterior em nome de uma fundação ligada à mãe de Aécio.
Caso Teori determine a abertura das investigações, Aécio, Marco Maia e Vital do Rêgo se tornarão oficialmente investigados na Lava Jato.
A investigação contra Cunha também é relacionada ao caso de Furnas. Em sua delação, Delcídio disse acreditar que ele tenha recebido vantagens indevidas relacionadas a Furnas porque tinha influên- INVESTIGADOS POR QUÊ? AÉCIO NEVES (PSDB-SP) > Possível recebimento de propina de Furnas, subsidiária da Eletrobras > Teria maquiado dados do Banco Rural utilizados nas investigações da CPI dos Correios EDINHO SILVA (COMUNICAÇÃO SOCIAL) > Teria formado caixa dois para o pagamento de dívidas de campanha de R$ 1 milhão por meio de um laboratório farmacêutico, a EMS PRÓXIMOS ALVOS DILMA > Teria tentado 'tumultuar' as investigações da Lava Jato com a indicação do ex-presidente como ministro da Casa Civil LULA > Procuradoria pedirá sua investigação junto com a da presidente Dilma, por sua indicação como ministro da Casa Civil cia na empresa. Ele já é alvo de outros cinco inquéritos.
No caso de Edinho, a Procuradoria quer investigar uma ajuda do ministro para que Delcídio quitasse dívidas de campanha de R$ 1 milhão via caixa dois pago pela farmacêutica EMS.
Janot ainda pediu que sejam reunidas as citações de Delcídio sobre propina da hidrelétrica de Belo Monte aos inquéritos já em andamento contra os senadores do PMDB Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO). DILMA E LULA A PGR também decidiu que pedirá abertura de inquérito ao STF para investigar a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As ações contra os petistas, porém, ainda não foram encaminhadas ao STF.
Também estão no alvo da Procuradoria o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Marcelo Navarro.
Em sua delação, Delcídio contou que o governo da petista deflagrou uma ofensiva nos tribunais superiores para influenciar nos desdobramentos da Lava Jato e garantir a liberdade de empreiteiros. A nomeação de Navarro faria parte dessa trama. Sobre Mercadante, há a suspeita de que ele teria trabalhado para evitar a delação de Delcídio.
Os procuradores já consideram que há elementos contra Dilma que justificam um inquérito para descobrir se ela atuou para obstruir as investigações da Lava Jato ou se ela cometeu o crime de prevaricação.
Eles também sustentam que a indicação de Lula à Casa Civil foi uma das ações do Planalto para “tumultuar” o andamento da apuração dos desvios na estatal e retirar do juiz Sergio Moro, do Paraná, a condução das investigações que envolvem o petista. FHC Teori também decidiu enviar para Moro citações feitas por Delcídio sobre pagamento de propina por um projeto da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) referente à compra de máquinas da Alstom entre 1999 e 2001.
Os destinatários, segundo a delação de Delcídio, seriam políticos do então PFL (hoje DEM).
(AGUIRRE TALENTO, MÁRCIO FALCÃO, GABRIEL MASCARENHAS E MÔNICA BERGAMO)