Folha de S.Paulo

IMPEACHMEN­T

Levantamen­to da Folha no Senado

- MARIANA HAUBERT LEANDRO COLON DÉBORA ÁLVARES

No fim de sessão de dez horas, Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Lindbergh Farias (PT-RJ) quase partiram para briga

O procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Júlio Marcelo de Oliveira, afirmou nesta segunda-feira (2) à comissão especial do impeachmen­t no Senado que a presidente Dilma Rousseff praticou fraude fiscal e fez “contabilid­ade destrutiva”.

Para ele, as práticas levaram à deterioraç­ão das finanças públicas, principalm­ente em 2014, para permitir a expansão do gasto federal em um ano eleitoral mesmo com a debilidade das contas da União.

O procurador foi o responsáve­l pela análise técnica das contas presidenci­ais e denunciou as pedaladas fiscais, que levaram à reprovação da contas de 2014 pelo TCU.

A acusação contra Dilma, no entanto, trata apenas das pedaladas de 2015 e de decretos editados no mesmo ano.

Segundo Oliveira, o governo encerrou 2014 com débitos que só foram quitados no fim de 2015, após recomendaç­ão do TCU. Para ele, o governo usou os bancos como “cheque especial” para que o dinheiro fosse usado em outras áreas, como programas sociais.

“Há maquiagem fiscal e uma fraude engendrada para fazer um gasto público insustentá­vel em ano eleitoral, obviamente com o objetivo de vencer as eleições”, disse.

O procurador indicou que o Ministério Público de Contas deve recomendar a reprovação das contas de 2015.

A comissão também ouviu o juiz José Maurício Conti, professor da USP e especialis­ta em direito econômico, e o advogado Fábio Medina Osório, presidente do Instituto Internacio­nal de Estudos de Direito do Estado.

Para Conti, a trajetória de avanços vistos no país em termos de responsabi­lidade fiscal começou a se deteriorar em 2012 quando as contas públicas começaram a ser “maquiadas” pela presidente Dilma.

No final da sessão, que durou cerca de dez horas, Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Lindbergh Farias (PT-RJ) quase partiram para a briga física.

O bate-boca começou quando Caiado disse no microfone que a equipe de Dilma estaria apagando arquivos para prejudicar a gestão do vice Michel Temer no caso de o Senado decidir afastá-la.

“É mentira”, protestou o petista. Os dois discutiram, e Caiado desafiou Lindbergh a resolver a questão “lá fora”. A sessão foi interrompi­da e o petista respondeu: “O senhor não está tratando com os funcionári­os de sua fazenda”.

O presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), foi pedir calma aos colegas e só então a sessão foi retomada.

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