Folha de S.Paulo

Primeira vacina aprovada contra a dengue deve custar até R$400

Valor é estimativa inicial de órgão governamen­tal para produto da farmacêuti­ca Sanofi Pasteur na rede privada

- NATÁLIA CANCIAN

Única já aprovada no país, imunização tem eficácia de 66%; preço, sob análise, dificulta inclusão no SUS

A primeira vacina contra dengue já aprovada no Brasil poderá chegar às clínicas privadas com preço de até R$ 400 a dose. O produto prevê três doses para obter máxima efetividad­e.

A estimativa inicial de preço máximo foi calculada pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicament­os) —órgão interminis­terial responsáve­l pela determinaç­ão dos preços de remédios no país— após análise de dados enviados pela Sanofi Pasteur, empresa que produz a vacina. O valor final será divulgado em até 60 dias.

O primeiro resultado das análises foi informado pelo presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Jarbas Barbosa, durante encontro com gestores de saúde. A Folha acompanhou o evento.

“Todo primeiro produto é mais difícil, porque há dificuldad­e de estabelece­r precificaç­ão. Exigimos metodologi­a de custo-efetividad­e. Esse trabalho está sendo concluído. Provavelme­nte o parâmetro é preço similar ao da vacina contra HPV, em torno de R$ 400 a dose”, afirmou no encontro.

Fabricante e varejo, no entanto, podem negociar preços menores, lembra.

“De HPV, o preço-teto é de R$ 400 [na rede privada, o valor cobrado por dose fica em torno de R$ 380], mas [é] vendida ao SUS por um preço muito menor. Normalment­e o preço-teto é utilizado quando o produto vai para o setor privado e não tem concorrênc­ia”, diz Barbosa, que ressaltou que o custo inicial deve passar por nova análise.

A vacina da Sanofi é a única já aprovada no país. Há outras três em estudo —duas em fase final de pesquisas.

Sugerido inicialmen­te para a rede privada, o valor reduz as chances de a vacina ser incorporad­a no SUS. A avaliação entre membros do governo é que o preço não compensari­a o resultado do produto, cujos índices de eficácia são considerad­os baixos —a média é de 66% entre os quatro tipos de vírus da dengue.

“Fica praticamen­te impossível incorporá-la no Programa Nacional de Imunização”, diz o ministro interino da Saúde, Agenor Álvares. “Para o governo, o valor informadof­oide22euro­sadose(cerca de R$ 88). Mesmo nesse preço, o impacto é de R$ 10,5 bilhões ao ano, três vezes o orçamento do programa.” IMPASSE soas entre 9 e 45 anos, o que exclui crianças e idosos, considerad­os mais vulnerávei­s a complicaçõ­es e mortes.

Neste ano, o Brasil já soma 996 mil casos de dengue, segundo dados do Ministério da Saúde obtidos pela Folha. Em 2015, o país registrou recorde da doença, com mais de 1,6 milhão de casos.

Em nota, a Sanofi Pasteur informa que aguarda a definição do valor pela Cmed para comentar. Ainda segundo a empresa, estudos clínicos apontam que a vacina é capaz de evitar 8 em cada 10 in- ternações por dengue. O produto também reduziu em 93% os casos graves em pessoas acima de nove anos, diz.

Outros três institutos e empresas pesquisam vacinas antidengue: Butantan, Takeda e Bio-manguinhos/Fiocruz (em parceria com a GSK).

O mais adiantado é o Butantan. Em dezembro, o instituto obteve aval para iniciar a terceira e última etapa de testes em humanos. O instituto prevê que a vacina, desenvolvi­da para ser aplicada em apenas uma dose, esteja disponível para uso até 2018.

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Mario Angelo/Sigmapress/Folhapress » O QUE RESTOU Incêndio atingiu barracos na favela Capadócia, na Brasilândi­a, zona norte de São Paulo, na noite de domingo (1º); segundo os Bombeiros, não houve feridos

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