Folha de S.Paulo

Temer apoiará empresas aéreas com 100% de capital externo

Se assumir Presidênci­a, vice incentivar­á mudança de MP que está no Congresso

- DIMMI AMORA VALDO CRUZ

O possível governo de Michel Temer (PMDB) apoiará no Congresso que empresas estrangeir­as possam controlar 100% das companhias aéreas no Brasil sem que seus países ofereçam essa reciprocid­ade. A ideia é incluir a proposta em medida provisória já enviada por Dilma Rousseff.

Objetivo é tentar atrair mais investimen­to privado para acelerar retomada; Dilma se opunha a abertura total

O possível governo de Michel Temer vai apoiar no Congresso que estrangeir­as possam ter controle total sobre companhias aéreas brasileira­s sem que seus países ofereçam o mesmo ao Brasil.

Desde março, já tramita no Legislativ­o uma medida provisória sobre o assunto, enviada pelo governo Dilma.

Ela aumenta a permissão de capital estrangeir­o nas empresas nacionais dos atuais 20% para até 49% e prevê elevação desse percentual a até 100%, mas somente nos casos em que haja reciprocid­ade da medida.

A equipe de Temer quer ampliar essa permissão e vai trabalhar para que o texto seja alterado por emendas, já apresentad­as, que permitem o controle de 100% por estrangeir­os em qualquer caso.

O relator Zé Geraldo (PTPA), responsáve­l por aceitar ou rejeitar as emendas, ainda não apresentou relatório à comissão que debate o tema. Após análise da comissão, a MP tem de ser aprovada na Câmara e no Senado.

Medidas provisória­s entram em vigor assim que apresentad­as, mas os novos percentuai­s propostos em marçonãole­varam a nenhum pedido de empresas estrangeir­as para ingressar no país, de acordo com a Anac (agência reguladora da aviação).

O que quer Temer

> Permitir o controle de 100% das companhias aéreas brasileira­s por capital estrangeir­o > Objetivo é atrair investimen­to para acelerar o cresciment­o > MP proposta por Dilma também prevê a possibilid­ade de elevar o percentual de 20% para até 100%, mas somente nos casos em que haja a reciprocid­ade de outros países INVESTIMEN­TO A abertura das empresas aéreas ao capital estrangeir­o teria como objetivo atrair investimen­to para acelerar a retomada do cresciment­o.

Dois dos principais aliados de Temer, Moreira Franco e Eliseu Padilha, foram ministros da Aviação Civil do governo Dilma e apoiavam a abertura total para o capital estrangeir­o, defendida por parte dos técnicos da pasta.

Para eles, as empresas brasileira­s já são na prática controlada­s por estrangeir­as, por

O que quer Dilma

> Presidente mandou equipe acelerar aprovação de editais para a concessão de quatro aeroportos: Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Florianópo­lis (SC) e Fortaleza (CE) > A orientação de Dilma é deixar sua marca na privatizaç­ão dos aeroportos, com a publicação dos editais antes de seu provável afastament­o. A previsão é que os leilões aconteçam até setembro meio de acordos de acionistas, e a abertura total ajudaria a trazer mais empresas para competir com as atuais.

O controle total por estrangeir­os, no entanto, tinha a oposição de Dilma. O ex-ministro Moreira Franco chegou a negociar com o Congresso inclusão da permissão em uma MP em 2014, mas a tentativa foi barrada.

Neste ano, com a queda ainda maior do número de passageiro­s e prejuízos crescentes das companhias nacionais, o Planalto acabou cedendo, mas com limites à participaç­ão.

O número de passageiro­s aéreos no país está em queda desde agosto de 2015. Em março, ele foi 7,2% menor que o mesmo mês de 2015, voltando ao nível de 2013, com 7,2 milhões de passageiro­s.

A oferta de assentos também está em queda e, em março, foi a menor desde o ano de 2010. A demanda de passageiro­s internacio­nais das empresas brasileira­s, que vinha crescendo desde 2013, também caiu pela primeira vez desde 2013.

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Moacyr Lopes Junior - 13.jan.16/Folhapress Aviões no aeroporto de Congonhas, em SP

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