Folha de S.Paulo

Cerveró diz em delação que repassou propina a Renan, Delcídio e Jader Barbalho

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DE BRASÍLIA

Em sua delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró revelou que se compromete­u com o pagamento de US$ 6 milhões em propina referente a contratos da Petrobras nas aquisições de navios-sondas. O acerto foi feito com políticos do PMDB do Senado.

Segundo o ex-diretor, em 2006, a negociação começou com uma reunião com o exministro Silas Rondeu (Minas e Energia), que o avisou que o PMDB o apoiaria para a Diretoria Internacio­nal em troca de auxilio financeiro aos senadores do partido.

Durante um jantar na casa do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), onde também estariam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), Sérgio Machado (ex-diretor da Transpetro), e o ex- diretor da estatal Paulo Roberto Costa, Cerveró se compromete­u com o repasse.

Cerveró contou ainda que US$ 5,5 milhões foram pagos para Barbalho, Renan e Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). Ao todo, os desvios desses contratos eram de US$ 20 milhões —parte foi distribuíd­a ainda para lobistas e outros empresário­s.

Renan, Barbalho e Delcídio já são investigad­os em in- quéritos da Lava Jato. Renan e Jader negam ligação com o esquema e qualquer acerto com Cerveró. Delcídio fechou acordo de delação. NOVA INVESTIGAÇ­ÃO Em relação ao PMDB da Câmara, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também pediu ao STF abertura de um novo inquérito contra o ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sob suspeita de corrupção no recebiment­o de valores da OAS.

A investigaç­ão, que está oculta e sigilosa no Supremo, tem como base as trocas de mensagens apreendida­s no celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.

Nas mensagens, Cunha faz diversas cobranças a Pinheiro por repasses à campanha de Henrique ao governo do Rio Grande do Norte.

A Procurador­ia suspeita que os pagamentos da OAS fossem propina disfarçada de doação oficial para que os parlamenta­res atuassem em favor dos interesses da empresa no Legislativ­o.

Cunha nega ligação com o esquema de corrupção e reclama de perseguiçã­o da Procurador­ia.HenriqueAl­vesnãofoi localizado pela reportagem.

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