O IMPEACHMENT Advogado compara impeachment a quimio
Ex-presidente da OAB, Marcelo Lavenère traçou paralelo entre afastamento de Dilma e tratamento médico pesado
Autor do pedido contra Collor em 1992, ele deu depoimento no Senado, na comissão especial do impeachment
Na véspera da divulgação do relatório sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff, três especialistas indicados pela base do governo defenderam a presidente na comissão especial que analisa o caso nesta terça (3).
A defesa mais contundente coube ao advogado Marce- lo Lavenère, ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e co-autor do pedido de impeachment do expresidente Fernando Collor, em 1992.
Lavenère falou em revanchismo, aniquilações de projeto de futuro e inclusão do país, fez analogias da situação com pacientes em tratamento de “quimioterapia”, além de criticar a OAB.
“Quem por acaso aderir a essa opção (impeachment) está fazendo o método da quimioterapia pesada a quem apresenta um corte na mão ou um resfriado. A quimioterapia, quando não é o último recurso, pode matar o paciente”, disse.
Segundo ele, a presidente Dilma é uma “vítima” que já havia sido “escolhida”.
Em nota, o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, informou que o órgão discutiu o tema do impeachment da presidente da República “porque assim quis a classe que representa”.
A sessão durou mais de oito horas. Além do ex-presidente da OAB, falaram a favor de Dilma o professor de Direito Financeiro Ricardo Lodi Ribeiro, e o de Direito Processual Penal Geraldo Luiz Mascarenhas Prado.
O relator da comissão, Antonio Anastasia (PSDB-MG), apresenta nesta quarta (4) seu parecer a favor do afastamento de Dilma por até 180 dias, período em que haverá o julgamento dela.
Anastasia, conforme já informou a Folha, pretende apontar elementos técnicos de que Dilma deve responder a processo por crime de responsabilidade em razão da edição, em 2015, de créditos suplementares sem o aval do Congresso e das chamadas “pedaladas fiscais”, em que atrasou o repasse de R$ 3,5 bilhões do Tesouro ao Branco do Brasil para o Plano Safra (programa agrícola).
“Plano Safra não é pedalada, é inadimplemento da obrigação legal de pagar subvenção econômica. Ninguém no Brasil algum dia considerou que subvenção econômica se traduz em operação de crédito”, disse Ribeiro.