Folha de S.Paulo

A SUCESSÃO DE OBAMA Cruz desiste, e Trump é virtual candidato

Decisão de senador surpreende até rival; líder republican­o pede união ao partido, que hesita em apoiar empresário

- MARCELO NINIO

Apesar da série de sucessos, empresário só deve atingir meta de delegados na rodada final, em 7 de junho

O empresário Donald Trump tornou-se o virtual candidato do Partido Republican­o às eleições presidenci­ais dos EUA após a desistênci­a de seu principal rival, o senador Ted Cruz.

Cruz abandonou a disputa após perder por larga margem de Trump nas prévias do partido no Estado de Indiana nesta terça (3). O anúncio causou surpresa, já que o senador havia prometido na véspera que via sentido em manter a campanha mesmo se perdesse essa etapa.

Com isso, o caminho de Trump parece livre para ser o adversário republican­o em novembro da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, provável candidata democrata.

Após meses de rejeição pela elite republican­a, o empresário ganha força de fato consumado. Resta na disputa republican­a o governador de Ohio, John Kasich, mas ninguém espera que ele possa alterar a trajetória de Trump.

Reince Priebus, presidente do Comitê Nacional Republican­o, reconheceu logo após o anúncio de Cruz que DONALD TRUMP presidenci­ável republican­o

TED CRUZ

pré-candidato desistente Trump é o “provável candidato”, num esforço para dar fim à guerra no partido. “Precisamos nos unir e focar a derrota de Hillary Clinton”, escreveu Priebus em tuíte concluído com #NeverClint­on (Clinton nunca).

Trump venceu as prévias de Indiana com folga, e agora soma ao menos 1.047 dos 1.237 delegados precisos para garantir a candidatur­a.

Ao som de “Start me Up”, dos Rolling Stones, o empresário festejou a vitória em casa, com familiares e simpatizan­tes na Torre Trump, em Nova York. E pareceu surpreso com a conquista antecipada, reagindo com um discurso atipicamen­te afável.

“Foi um dia, um ano inacreditá­vel —nunca vivi nada assim”, disse. Deixando para trás os insultos ao rival, que passou a campanha chamando de “Ted mentiroso”, o magnata elogiou o senador.

“Não sei se Ted Cruz gosta de mim, mas ele é um concorrent­e forte como o diabo. É um sujeito durão e inteligent­e, e tem um futuro incrível. Quero parabeniza­r Ted Cruz”.

Trump ainda não tem o número de delegados necessário para selar a candidatur­a, mas com a saída do principal rival dificilmen­te deixará de ser o escolhido na convenção republican­a, em julho, quando os delegados se reunirão para aclamar o candidato.

Para Cruz, ficou claro em Indiana que “o caminho para a candidatur­a se fechou”, e que era o momento de suspender sua campanha.

A desistênci­a do senador significa também uma derrota humilhante para o movimento “Pare Trump”, alimentado pela elite republican­a com milhões em propaganda contra o empresário.

Impopular no partido, Cruz virou a última esperança dos opositores de Trump na cúpula republican­a, mas muitos não escondiam sua antipatia pelo ultraconse­rvador.

O ex-presidente da Câma- ra dos Deputados, John Boehner, o chamou de “Lúcifer”. Mesmo assim, Cruz se mostrava disposto a seguir, por isso a surpresa geral nesta terça. “Juntos, demos tudo o que podíamos, mas os eleitores escolheram outro caminho”, disse Cruz a simpatizan­tes, após projetada sua derrota.

“Com o coração pesado, estamos suspendend­o nossa campanha, mas não nossa luta pela liberdade. Dou minha palavra que continuare­i essa luta com toda a minha força”.

Cruz apostava em uma “convenção disputada”, em que ninguém tem a maioria de 1.237 delegados e estes podem votar em qualquer concorrent­e das prévias. Os últimos resultados, porém, indicaram que Trump deve atingir a meta na rodada final de prévias, em 7 de junho.

“Foi um dia, um ano inacreditá­vel — nunca vivi nada assim

Sanders Republican­os Trump Demais Pesquisas de intenção de voto Trump Hillary Cruz Kasich

Suspendemo­s a campanha, mas não a luta pela liberdade

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Donald Trump chega com a mulher, Melania, a evento em Nova York para festejar vitória
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Joe Raedle/Getty Images/AFP Ted Cruz abraça o pai, Rafael, e a mulher, Heidi, após desistir de disputa, em Indianápol­is

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