ONU cobra proteção a hospitais em conflitos
Resolução é aprovada em meio a ataque a maternidade em Aleppo, na Síria, que matou ao menos 19 nesta terça
Chanceler russo se reúne com emissário da ONU e diz que buscaria trégua em cidade síria ‘nas próximas horas’
O Conselho de Segurança da ONU adotou por unanimidade, nesta terça-feira (3), uma resolução para reafirmar que as instalações médicas em zonas de guerra devem ser protegidas dos conflitos.
O texto foi votado no mesmo dia em que um novo ataque deixou ao menos 19 mortos em uma maternidade de Aleppo, no norte da Síria.
O órgão se reunirá de novo nesta quarta-feira (4) para discutir a situação na cidade, após pedidos de um encontro de emergência feito pelos embaixadores da França e do Reino Unido na ONU.
“Aleppo está em chamas, e civis estão morrendo”, afirmou o representante francês François Delattre.
A resolução aprovada nesta terça (3) trata ainda de bombardeios recentes que também atingiram hospitais no Iêmen e no Afeganistão.
Convidada a participar da sessão do órgão da ONU, a presidente internacional da ONG Médicos Sem Fronteiras, Joanne Liu, afirmou que “quatro dos cinco membros permanentes do Conselho estão, em diferentes graus, associados a coalizões responsáveis por ataques a instalações de saúde ao longo do ano passado”.
Liu citou a Otan no Afeganistão, a missão liderada pelos sauditas no Iêmen e a coa-
JOANNE LIU
presidente da Médicos Sem Fronteiras lizão apoiada pela Rússia contra os rebeldes na Síria. Só a China não está em nenhuma dessas operações entre os membros permanentes –os demais são EUA, França, Reino Unido e Rússia. ATAQUE A MATERNIDADE Foguetes disparados por insurgentes atingiram uma maternidade em uma área de Aleppo controlada pelo governo nesta terça (3). Pelo menos 19 pessoas morreram, in- formou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
Segundo a entidade, três crianças estão entre os mortos no ataque à clínica Al-Dabit. O Observatório afirmou que outras 80 pessoas ficaram feridas e que o número de mortos provavelmente vai aumentar.
O Exército da Síria disse em um comunicado que o ataque foi parte de uma ofensiva abrangente de grupos insurgentes presentes em Aleppo, e que está reagindo “às fontes dos disparos”.
O texto divulgado pelo comando do Exército sírio disse que o ataque aconteceu “no momento em que estão sendo feitos esforços internacionais e locais para fortalecer a cessação das hostilidades e implementar a calma em Aleppo”.
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta terça (3) que buscaria um cessarfogo em Aleppo “nas próxi- mas horas”. Ele recebeu, em Moscou, o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que cobrou a retomada das negociações para que se faça cumprir a trégua na Síria articulada entre EUA e Rússia e que entrou em vigor em 27 de fevereiro.
Nesta terça, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que haverá “repercussões” se o ditador sírio, Bashar al-Assad, não aderir ao cessar-fogo acertado com a Rússia. Ele não deixou claro, porém,o que poderiam ser essas repercussões.
A Alemanha anunciou que sediará uma reunião nesta quarta-feira (4) com a participação do enviado da ONU De Mistura, com o coordenador da oposição síria, Riad Hijab, e com o chanceler francês, Jean-Marc Ayrault. VIOLÊNCIA Os bombardeios em Aleppo –que está sob disputa desde 2012, quando opositores tomaram o controle de vários distritos– deixaram mais de 270 civis mortos ao longo dos últimos 12 dias.
A violência provavelmente continuará pelo fato de um cessar-fogo unilateral do governo sírio não incluir a cidade do norte do país.
Na quarta (27) e na quinta (28), ataques aéreos e de artilharia mataram mais de 80 pessoas, incluindo dezenas no hospital de Al-Quds.
Nesta terça (3), a Médicos Sem Fronteiras, que oferecia apoio ao Al-Quds em conjunto com outras entidades, informou que o número de mortos no bombardeio ao local chegou a 55, incluindo equipes médicas e pacientes.
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Quatro dos cinco membros permanentes do Conselho estão associados a coalizões responsáveis por ataques a instalações de saúde