Indicadores do 1° tri afundam, mas podem indicar fundo do poço
Em queda há 25 meses na comparação anual, produção industrial sobe 1,4% de fevereiro para março
Apesar de estar em patamar histórico muito baixo, confiança de consumidores e empresários cresceu
O que já sabemos sobre o comportamento da economia brasileira no primeiro trimestre de 2016 mostra um quadro assustador.
A taxa de desemprego atingiu 10,9%; 409 empresas pediram falências ou concordatas, ante 191 nos primeiros três meses de 2015; a produção industrial despencou 11,7% em relação a igual período do ano passado (e cai há 25 meses na base de comparação anual).
Essa soma de indicadores ruins poderia indicar que a doença da economia brasileira está mais para depressão —enfermidade ainda mais grave— do que para recessão.
Mas o retrato muito negativo esconde sinais incipientes de que talvez tenhamos atingido o fundo do poço. Na linguagem de economistas, há indicadores de estabiliza- ção no horizonte.
Isso não impediria novas contrações do PIB tanto no primeiro quanto no segundo trimestres deste ano. Mas, se essa tendência se mantiver, é possível que a saúde geral da economia pare de piorar.
Os próprios dados da produção industrial, divulgados nesta terça (3) pelo IBGE, indicaram o melhor desempenho do indicador em relação ao mês imediatamente anterior (descontados efeitos sazonais) desde julho de 2014.
Houve expansão em março de 1,4% na comparação com fevereiro. Metade dos 24 setores pesquisados teve melhora na passagem para o terceiro mês do ano.
A alta de 4,6% na fabricação de produtos alimentícios mais do que compensou, por exemplo, a queda de 2,1% acumulada entre janeiro e fevereiro, segundo o Bradesco. A produção de máquinas e equipamentos avançou 8,6%.
Esses resultados se seguiram a discretas melhoras nos indicadores de confiança de consumidores e empresários sobre o futuro, embora ambos permaneçam em patamar histórico muito baixo.
Economistas não cansam Acumulado nos últimos 12 meses, em % mar. 15 -4,5 mai -5 jul -5,2 set -6,3 nov -7,6 de dizer que a confiança é fundamental para a recuperação e o crescimento.
Em entrevista recente à Folha, o economista Delfim Netto resumiu assim: crescimento é um estado de espírito; só jan. 16 -9 mar -9,7 cresce quem acha que vai crescer. E ressaltou que, no Brasil, isso se perdera.
Um provável governo de Temer pode se beneficiar do início de reversão dessa perda. A velocidade da retoma- da e a sustentabilidade dessa tendência dependerão, no entanto, das reformas que serão feitas para corrigir os muitos problemas de origem da crise atual, que permanecem, em sua maioria, intocados.
DO RIO
A Petrobras informou nesta terça (3) que concluiu as negociações para venda de ativos na Argentina e no Chile. Pelas operações, a estatal receberá US$ 1,382 bilhão.
A subsidiária argentina, a Petrobras Energia S.A., foi vendida por US$ 892 milhões para a Pampa Energia. O negócio inclui campos de petróleo e gás, postos de gasolina e refinarias.
A estatal brasileira se desfez de sua fatia de 67,19% na empresa, mas ficará com 33,6% da concessão de Rio Neuquén, onde acredita ter potencial para a produção de gás natural, e com 100% do ativo chamado Colpa Caranda, que compreende campos de gás natural na Bolívia.
A subsidiária chilena foi vendida à Southern Cross Group, por US$ 490 milhões. São 279 postos de gasolina, sete terminais de distribuição de combustível, operações em aeroportos e fábrica de lubrificantes.
O programa de venda de ativos tem a meta de captar US$ 14,4 bilhões neste ano.