Folha de S.Paulo

CBF paga R$ 35 mil por mês para fotógrafo de Lula

FUTEBOL

- SÉRGIO RANGEL

Contratado como fotógrafo oficial do ex-presidente Lula logo após Dilma Rousseff tomar posse em 2011, Ricardo Stuckert recebe atualmente R$ 35 mil mensais da entidade comandada por Marco Polo Del Nero.

O salário é maior que o de um ministro —caso Lula tome posse na Casa Civil, receberá R$ 30,9 mil mensais.

Apesar de a CBF, que fica no Rio, bancar a maior parte dos seus rendimento­s, o fotógrafo trabalha quase exclusivam­ente para o Instituto Lula, localizado em São Paulo.

Nos últimos meses, ele viajou o país com o ex-presidente na campanha contra o impeachmen­t.

Já na CBF, Stuckert apareceu em evento oficial da entidade neste ano apenas na semana passada durante uma série de palestras orga- nizadas pela confederaç­ão. Na semana anterior, a Folha havia questionad­o o fotógrafo sobre a sua ausência nos eventos da CBF.

Stuckert também recebe salário pelo Instituto Lula, entidade sem fins lucrativos criada em 2011 com objetivo “de cooperação do Brasil com a África e a América Latina”.

De acordo com a investigaç­ão do Ministério Público Federal, a Cinefoto Stuckert Press Ltda ME, empresa de que o fotógrafo é um dos sócios, recebeu R$ 205.700 do instituto entre 2012 e 2014.

O valor correspond­ente a R$ 5.713 mensais pagos pela entidade a Stuckert no período de dois anos.

O fotógrafo disse que não tem contrato de exclusivid­ade com nenhuma das duas entidades (leia mais abaixo).

Ele foi contratado pela CBF em janeiro de 2011, logo após o final do governo Lula, num acordo entre o ex-chefe da confederaç­ão, Ricardo Teixeira, que comandava a entidade, e o ex-presidente.

O instituto nega que Lula tenha pedido à CBF a contrataçã­o do profission­al.

Stuckert integrou a delegação da seleção na disputa da Copa América-2011, na Argentina, e nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

No ano passado, o fotógrafo ficou de fora da delegação na Copa América, no Chile, e dos jogos da seleção pelas eliminatór­ias. MARIN E DEL NERO Depois da renúncia de Teixeira, em 2012, Stuckert foi mantido no cargo pelos dois outros presidente­s: José Maria Marin, que deixou o posto em abril do ano passado e está em prisão domiciliar em Nova York, e Del Nero.

Ambos são acusados de participar de um esquema de recebiment­o de propina na venda de direitos de compe- tições no país e no exterior. Eles são investigad­os pelo FBI e pela Fifa, além da CPI do Futebol no Senado.

Na Copa de 2014, no Brasil, Stuckert virou fotógrafo exclusivo de Marin, documentan­do a rotina do cartola ao longo da competição.

Nos últimos meses, o fotógrafo se dedicou a registrar os eventos com participaç­ão de Lula na reta final do processo de impeachmen­t contra a presidente Dilma.

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Marcus Leoni - 5.mar.2016/Folhapress Lula e Stuckert em São Bernardo do Campo, em março

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