No SANTA CATARINA rastro dofrio
Trilhas por cânions a 1.500 metros de altitude exploram paisagens de precipícios da serra catarinense
É preciso caminhar por pouco mais de uma hora por uma trilha plana, dentro de uma fazenda —na qual se cruza com ovelhas, cavalos crioulos e bois pastando—, para chegar ao auge do passeio.
Às margens do cânion das Laranjeiras, do alto de um precipício de 1.500 metros, a sensação é, ao mesmo tempo, de imensidão (do ambiente, dos contrafortes) e pequenez (de si mesmo).
Ali os guias estimulam os turistas a se deitarem, apoiando-se na beira das rochas, em silêncio, para contemplar as quedas d’água que escorrem pelo paredão e o verde da mata que cobre a serra.
Percebe-se, então, que nem as fotos alcançam tudo o que os olhos veem.
O cânion das Laranjeiras, o mais visitado de Bom Jardim da Serra, é o mais afastado do centro —o passeio parte a 12 quilômetros da cidade.
Na fazenda Santa Cândida, quem vai cumprir a trilha a pé recebe galochas e um cajado. Há roteiros de até três dias, mas o passeio mais procurado é também o mais simples, de 2,5 quilômetros (o mais curto da região).
Emoldurado por araucárias, o caminho tem alguns pontos de lama, poucas subidas e pequenas fontes de água até a beira do cânion.
Ainda que os dias amanheçam frios, é comum, mesmo no inverno, que o sol venha com força (a neblina é mais frequente no verão). Por isso, recomenda-se levar uma mochila para guardar os casacos, água e protetor solar. A CAVALO Além do cânion das Laranjeiras, outros podem ser explorados pela região, como o do Funil e o da Ronda.
Este último fica a 15 minutos de caminhada do final da estrada da serra do Rio do Rastro. É o menor deles, e ainda assim está a 1.475 metros de altitude. Dali do alto se vê, ao longe, um parque eólico e a paisagem do desfiladeiro.
Para os mais aventureiros, agências como a Tribo da Serra (tribodaserraeco.com.br) organizam trilhas a cavalo por essas formações. Galopar, afinal, é parte da cultura dos tropeiros que primeiro ocuparam a região das serras gaúcha e catarinense.
No final do passeio, muitas vezes já com o sol se pondo, os hotéis podem organizar mesas com queijos e vinhos, ou café, pães e castanhas.
Para sair das paisagens dos cânions, também é possível explorar, pelas fazendas de Bom Jardim, o circuito das águas —cascatas como a do rio Pelotas e a da Barrinha ficam mais cheias no verão.
Fica o aviso: as poucas pousadas da cidade são simples, exceção feita ao hotelfazenda Rota dos Cânions e ao Rio do Rastro Eco Resort. (FERNANDA GIULIETTI)
A serra gaúcha, além de polo turístico de inverno, é o local com a maior produção de vinhos do Brasil. Eis outra faceta reproduzida pela irmã catarinense.
A região concentra diversas vinícolas espalhadas por São Joaquim, Urubici e Campo Belo do Sul —elas são especializadas nos chamados “vinhos de altitude”.
A mais antiga, a Villa Francioni, foi fundada em 2004 por Manoel Dilor Freitas. Hoje é também a maior da região: produz até 300 mil garrafas por mês. Outra produtora tradicional é a Sanjo, que começou com plantio de maçã em 1993, mas há 14 anos criou uma linha que hoje tem 12 rótulos de vinho.
Ambas são abertas para visitação, assim como outras de produção mais restrita.
A aposta de vinícolas como Monte Agudo, Villaggio Bassetti (villaggiobassetti. com.br) e Abreu Garcia (abreugarcia.com.br) é em um turismo mais personalizado, com refeições e piqueniques pelas propriedades.
A Pericó (vinicolaperico. com.br), outra mais conhecida, não pode ser visitada. (FG)