Petrobras decide vender fatia maior da BR Distribuidora
Estatal descarta três propostas e oferece fatia maior da companhia para atrair investidores
A Petrobras decidiu mudar o modelo de venda da BR Distribuidora. Após analisar propostas por fatia minoritária da subsidiária, a estatal agora quer vender 51% do capital votante e compartilhar o controle. Em crise, a Petrobras planeja vender mais de R$ 14 bilhões em ativos.
Empresa continuará detendo maior fatia do capital da subsidiária, mas põe à venda 51% de ações com direito a voto
Após analisar três propostas de compra da BR Distribuidora, a Petrobras decidiu mudar o modelo de venda da companhia, dona da maior rede de postos de combustível do país. O novo modelo prevê o compartilhamento do controle com novos sócios, conforme a Folha antecipou.
A decisão foi tomada após a empresa descartar três propostas por fatia minoritária da subsidiária que não atenderam aos interesses da estatal, segundo comunicado distribuído nesta sexta (22).
“Recebemos em junho três ofertas, sendo que duas delas foram para controle compartilhado. A única que ofereceu a opção de participação minoritária também mostrou interesse em compartilhar o controle”, disse a gerenteexecutiva de Aquisições e Desenvolvimentos da estatal, Anelise Quintão Lara.
O modelo aprovado nesta sexta pelo conselho de administração da estatal prevê o lançamento de duas classes de ações da BR: preferenciais (sem direito a voto) e ordinárias (com direito a voto).
Será vendida uma fatia de 51% do capital votante. A ideia é que a estatal seja majoritária no capital total, para ficar com uma parte maior dos lucros da distribuidora.
Um acordo de acionistas será desenhado para permitir que, mesmo minoritária, a Petrobras também tenha poder de decisão sobre os negócios da empresa, disse Lara.
“A gente acredita que esse modelo vai possibilitar uma maior criação de valor para a empresa”, afirmou a executiva, que classificou a BR como a “joia da coroa” entre os ativos da Petrobras à venda.
Ela frisou que o modelo pode ser repetido em outras transações do plano de desinvestimentos da Petrobras, conforme adiantou em entrevista à Folha o presidente da companhia, Pedro Parente.
Segundo ele, o objetivo é manter a Petrobras uma empresa verticalizada, com participação em todos os elos da cadeia do petróleo, mas não necessariamente com o controle de todas as operações.
Lara, a gerente-executiva, afirmou esperar que as propostas pela BR sejam feitas até dezembro, mas admitiu que a mudança no modelo de venda deve adiar a conclusão da operação para 2017.
Ela ressaltou que a Petrobras mantém a meta de vender US$ 14,4 bilhões em ativos neste ano, alegando que os preços do petróleo mais altos e a melhora no cenário macroeconômico estão ajudando a atrair novos interessados.
A decisão de vender a BR foi tomada pela Petrobras em 2015 e já sofreu uma reviravolta, antes da mudança anunciada nesta sexta-feira. A primeira opção era abrir o capital da empresa em Bolsa de Valores, mas a ideia foi abortada por causa do agravamento da crise econômica.