Folha de S.Paulo

‘Nem uma formiga ele seria capaz de matar’, afirma amigo de detido

SEGURANÇA Mohamad Mounir Zakaria frequentav­a mesquita do Pari e é descrito como uma pessoa pacata

- Esporte B12

Conhecidos de dois presos pela operação Hashtag, da Polícia Federal, nesta quinta (21), por suspeita de ligação com o terrorismo, afirmam que as prisões foram injustas.

“Ele nunca brigou com ninguém. É incapaz de matar uma formiga”, afirmou Nabih Mustapha, 58, amigo de Mohamad Mounir Zakaria, um dos suspeitos de ligação com o terrorismo presos. Os dois são libaneses e se conheceram há 35 anos, no Brasil.

Segundo Mustapha, que frequenta a Mesquita do Pari (região central de São Paulo), a mesma de Zakaria, o homem preso “é um coitado inocente”. Zakaria é separado e tem duas filhas e um filho.

Ele tinha uma confecção de jeans no Brás, mas, de acordo com Mustapha, fechou o estabeleci­mento devido ao aumento do aluguel.

Ele estaria trabalhand­o como representa­nte comercial de materiais para costura.

“É um muçulmano autêntico. Significa que ele prega a paz em todos os sentidos. Não tem esse negócio de matar, de terrorismo. Ele nunca expressou simpatia sobre terrorismo”, afirmou. “Estou certo que ele é injustiçad­o”.

Eyad Abuharb, 26, refugiado sírio que chegou ao Brasil há dois anos e tem uma barraca de shawarma (carne servida em pão sírio) em frente à mesquita, concorda com Mustapha sobre Zakaria.

“Ele não tinha muito dinheiro e, quando eu oferecia comida de graça, ele dizia: ‘nunca!’”, afirma.

Abuharb fugiu da guerra civil na Síria e abomina o Estado Islâmico, grupo do qual Zakaria é suspeito de ser simpatizan­te. “O Estado Islâmico quer deixar uma imagem ruim do Islã para todos”, diz.

Antônio Andrade dos Santos Júnior, 34, é visto como um rapaz pacato, mas com interpreta­ções radicais do Islã. Morador da periferia de João Pessoa, ele começou a professar o islamismo em 2000, quando adotou o nome Ahmed. Antes, era ateu.

Quem conta é Mohamed Al Mesquita, que foi treinador de boxe de Ahmed na academia Mesquita Brothers, que também funciona como uma mussala (local de orações).

“Ahmed não é terrorista, é uma pessoa normal. Para mim, pegaram ele como bode expiatório”, afirma.

Al Mesquita diz que Ahmed tinha interpreta­ções radicais do Islã e até pediu que ele parasse de frequentar a mussala. Não acredita, porém, que fosse capaz de terrorismo.

Após afastar-se, Ahmed passou a frequentar o Centro Islâmico de João Pessoa. Porém, deixou o local por discordânc­ias com seu fundador, João de Deus Cabral.

Em texto publicado na internet, Cabral diz que “qualquer pessoa que tenha visitado ou mantido relacionam­ento com nosso centro e que se coloque ou tenha se colocado a favor dos infames atos terrorista­s é considerad­a por nós ‘persona non grata’”.

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Evaristo Sá/AFP Photo » ENSAIO Membros das forças especiais do Exército participam de apresentaç­ão das equipes de segurança dos jogos de futebol da Rio-16 em Brasília

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