Folha de S.Paulo

Dilma diz que não autorizou caixa dois

- MARINA DIAS GUSTAVO URIBE

A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (22) que não autorizou pagamento de caixa dois durante suas campanhas eleitorais e que, se houve esse tipo de acerto, não foi com seu conhecimen­to.

“Não autorizei pagamento de caixa dois para ninguém. Se houve pagamento, não foi com o meu conhecimen­to”, disse Dilma em entrevista para a rádio Jornal do Commercio.

A declaração da petista aconteceu um dia após o publicitár­io João Santana e sua mulher, Mônica Moura, afirmarem em depoimento à Justiça que receberam dinheiro de caixa dois para fazer a campanha de Dilma em 2010. O total, segundo eles, chegou a US$ 4,5 milhões.

Na entrevista desta sexta, Dilma disse ainda que as declaraçõe­s do publicitár­io e de sua mulher não a preocupam.

Nos bastidores, porém, aliados temem repercussõ­es negativas diante do já bastante difícil cenário para tentar reverter o impeachmen­t da petista no Senado. Apesar de intensas articulaçõ­es, Dilma e o ex-presidente Lula não têm conseguind­o inverter a tendência pró-condenação. O julgamento da presidente afastada está previsto para ocorrer no fim de agosto.

Os relatos de Santana e Mônica, assumindo a prática de caixa dois como recorrente em campanhas eleitorais, deixaram a cúpula do PT preocupada.

Isso porque, presos há cinco meses em Curitiba pela Lava Jato, ambos negociam um acordo de delação premiada, para tentar atenuar suas penas.

Petistas acreditam que as delações em série podem estimular o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto a também colaborar com a Justiça. Ele tem sido pressionad­o por parentes a contar o que sabe.

A mulher de João Santana, que cuidava das finanças do casal, disse que, após a campanha de Dilma em 2010, o PT não pagou tudo o que devia e protelava uma dívida de R$ 10 milhões.

Mônica afirmou que tentou resolver o caso “de várias formas” junto a Vaccari, que a orientou a procurar o lobista Zwi Skornicki, representa­nte no Brasil do estaleiro asiático Keppel Fels, com negócios com a Petrobras.

Ficou acertado então que o débito seria saldado por Zwi em dez parcelas, em uma conta não declarada no exterior.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil