Folha de S.Paulo

CPFL vê ‘avenida aberta’ para capital externo e privatizaç­ões

Chinesa State Grid propôs compra de fatia da empresa de energia

- JOANA CUNHA

A forte turbulênci­a enfrentada pelas empresas de energia no Brasil nos últimos anos ficou para trás e abriu-se agora uma oportunida­de para a atração de capital estrangeir­o e as privatizaç­ões, segundo André Dorf, o novo presidente da CPFL Energia.

“A pauta estava muito poluída. Ela foi limpa nos últimos 12 meses, e agora abriu uma avenida no setor para podermos falar de capital estrangeir­o e privatizaç­ões.”

Segundo o executivo, as inseguranç­as em relação a questões como renovação das concessões, redução de tarifa e racionamen­to dificultav­am a precificaç­ão dos ativos.

No início deste mês, a Camargo Côrrea anunciou que aceita vender sua fatia de 23% no bloco de controle da CPFL Energia para a gigante chinesa State Grid Corp. Outro negócio envolvendo a CPFL foi o anúncio da compra da AES Sul, também no movimento de consolidaç­ão das distribuid­oras.

“Esse governo está muito empenhado em promover as privatizaç­ões, e um dos canais para isso poderiam ser as distribuid­oras da Eletrobras ou dos Estados que têm desafios fiscais.”

Nesta sexta (22), a Eletrobras decidiu que não vai renovar a concessão de nenhuma de suas seis distribuid­oras (leia texto nesta página). AQUISIÇÕES De acordo com Dorf, o grande potencial de cresciment­o por meio de aquisições na companhia está nos negócios de distribuiç­ão e geração. Mas seu portfólio variado, com braços em segmentos como comerciali­zação e serviços, pode alavancar o avanço da estatal chinesa em outras áreas.

O anuncio da Camargo foi recebido pelo setor como um pontapé da State Grid no setor de distribuiç­ão no Brasil. A chinesa já tem negócios aqui desde 2010, mas na área de transmissã­o.

Dorf afirma, no entanto, que o interesse da State Grid não precisa ficar exclusivam­ente restrito à distribuiç­ão.

“Quando ele olha um portfólio como o da CPFL, acho que é o melhor veículo para o cresciment­o que ele poderia encontrar no Brasil.”

Nos últimos anos, a CPFL montou estrutura que facilita o processo de anexação de novos ativos. De acordo com Dorf, a companhia já está preparada com um centro de serviços que pode ser compartilh­ado.

“Se amanhã ou depois a gente compra uma usina, uma distribuid­ora, algum negócio, ou constrói alguma coisa, a gente só precisa plugar nesse modelo de centro corporativ­o e centro de serviço compartilh­ado para que o negócio já rode sozinho. A gente não precisa reinventar a roda a cada negócio que for feito”, afirma. RECEITA OPERACIONA­L BRUTA R$ 7,3 bilhões LUCRO LÍQUIDO R$ 232 milhões NÚMERO DE FUNCIONÁRI­OS 10 mil

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Luis Ushirobira -30.set.14 /Valor André Dorf, o novo presidente da CPFL Energia

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