Folha de S.Paulo

Deixou escapar a carreira, mas não a namorada

- FERNANDA PEREIRA NEVES

O serviço militar distanciou Custódio Oliveira Paes de Barros de um de seus maiores sonhos: a faculdade de engenharia. Mas ele não permitiria que o trabalho o afastasse também de Maria Antônia.

Foram milhares de cartas, trocadas por mais de um ano, para reduzir os mais de 280 km que separavam os dois. Ela na cidade paulista de Leme e ele na mineira Itajubá.

O casal, que se conheceu ainda na infância, chegou a criar códigos para as mensagens, evitando a curiosidad­e e intromissã­o de familiares. Assim que ele retornou para o interior paulista, se casaram. Ficaram juntos até o fim, somando 63 anos de união.

Longe da engenharia, Custódio trabalhou na fazenda do pai e, depois, em um banco, antes de ir para o IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool). Viajou fiscalizan­do usinas e produções de açúcar e de álcool até se aposentar.

Fugindo de “coisas erradas”, chegou a recusar cargos durante a carreira e costumava repetir a orientação do pai: “Entrar e sair de qualquer lugar com a cabeça erguida”.

Nas horas vagas, gostava de jogar baralho —com amigos ou sozinho—, fazer palavras cruzadas e reunir a família. Brincalhão, costumava provocar os netos pequenos.

Era perfeccion­ista e sempre organizado. Começava a fazer as listas de presentes para o Natal em novembro.

Morreu no dia 16, aos 84 anos, em decorrênci­a de um enfisema pulmonar. Deixa a mulher, Maria Antônia, três filhos, seis netos, uma irmã, sobrinhos e sobrinhos-netos.

A missa de sétimo dia será realizada às 18h deste sábado (23), na igreja Imaculada Conceição, em Leme (SP). coluna.obituario@grupofolha.com.br

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