Folha de S.Paulo

Financiame­nto coletivo busca preservar acervo de Piva

Além dos 6.000 livros da biblioteca particular, espaço pode disponibil­izar manuscrito­s e inéditos a estudiosos

- RODOLFO VIANA

Grandes caixas de salgadinho­s sabor isopor acomodam parte da biblioteca pessoal de Roberto Piva (1937-2010), dono de uma das vozes mais originais da vanguarda da poesia paulistana na última metade do século 20.

A maioria dos 6.000 tomos, contudo, está em pilhas que partem do chão e chegam a quase dois metros, encostadas em paredes descascada­s. Elas são muitas —quase não há espaço para móveis ou gente nos cômodos, cujas áreas somadas chegam a 110 m².

Há duas semanas, Gabriel Rath Kolyniak, editor da Córrego, e Vanderley Mendonça, editor do selo Demônio Negro, levaram as obras para um prédio neoclássic­o próximo ao vale do Anhangabaú, em São Paulo —onde também estão estabeleci­dos um estúdio de arte contemporâ­nea e um clube de tiro. Ao lado de Gustavo Benini, herdeiro do poeta, eles querem montar ali, via financiame­nto coletivo, a Biblioteca Roberto Piva. HERANÇA Kolyniak diz que o autor de “Paranoia”, prestes a morrer, autorizou Benini a fazer o que quisesse com seus livros, “até vendê-los como livros usados em sebos ou atear fogo”.

Há, entre os títulos, poesia beat, antropolog­ia, etnografia, artes plásticas e ocultismo —áreas que, em confluênci­a, são a matéria-prima da poesia de Piva. Alguns itens são raridades, como a primeira edição de “Iron Horse”, de Allen Gisnberg, que saiu em 1974 pela City Lights —um exemplar bem conservado pode custar US$ 500.

Também há uma cópia de

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Reprodução
 ?? Diego Padgurschi/Folhapress ?? À esq., manuscrito de ‘Estranhos Sinais de Saturno’ em bloquinho de papel; acima, o poeta Roberto Piva em março de 1998
Diego Padgurschi/Folhapress À esq., manuscrito de ‘Estranhos Sinais de Saturno’ em bloquinho de papel; acima, o poeta Roberto Piva em março de 1998

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