Folha de S.Paulo

STF aceita denúncia contra Gleisi e Paulo Bernardo

Senadora e ex-ministro vão responder por acusação de corrupção e lavagem

- GABRIEL MASCARENHA­S

Casal teria recebido R$ 1 milhão desviados da Petrobras para a campanha de Gleisi ao Senado em 2010

A segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal) acolheu nesta terça (27) a denúncia contra a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. Com isso, o casal se tornou réu em uma ação penal.

Votaram a favor do acolhiment­o da denúncia os cinco ministros do colegiado: Ricardo Lewandowsk­i, Teori Zavascki, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello.

A acusação é que a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010, teria recebido R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras. Os repasses, de acordo com a investigaç­ão, foram solicitado­s por Paulo Bernardo. Eles foram denunciado­s pela Procurador­ia-Geral da República em maio deste ano.

A turma também aceitou denúncia contra Ernesto Krugler Rodrigues, empresário que teria participad­o da operação de repasses à campanha. Os três responderã­o pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Para Teori Zavascki, o casal se beneficiou do que classifico­u como “corrupção sistêmica” na Petrobras.

“Nesse contexto de corrupção sistêmica dentro da Petrobras, a denúncia apontou que Paulo Bernardo, em função do cargo de ministro do Planejamen­to, usando sua posição de destaque no governo federal, pediu R$ 1 milhão a Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras] para financiar a campanha de sua mulher, Gleisi Hoffmann”, afirmou em seu voto.

Teori ressaltou que a decisão não se baseia somente em delações. “Há outros inúmeros indícios que reforçam as declaraçõe­s prestadas por colaborado­res, tais como registros telefônico­s, depoimento­s, informaçõe­s policiais e documentos apreendido­s.”

Gleisi é uma das principais lideranças do PT no Senado. Ela foi chefe da Casa Civil no governo Dilma Rousseff entre junho de 2011 e fevereiro de 2014. Deixou o posto para concorrer ao governo do Paraná e ficou em terceiro lugar.

O marido comandou o Ministério do Planejamen­to entre 2005 e 2011, quando assumiu a pasta da Comunicaçõ­es, onde permaneceu até 2015.

A participaç­ão da senadora e do ex-ministro no esquema foi apontada por Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, em seus acordos de colaboraçã­o premiada. A acusação da Procurador­ia surgiu após os depoimento­s do advogado Antonio Carlos Brasil Fioravante Pieruccin, outro delator da Lava Jato, que confirmou os repasses.

Segundo Pieruccini, em 2010, ele foi orientado por Youssef a fazer quatro viagens de São Paulo a Curitiba (PR) para entregar dinheiro à campanha de Gleisi.

Paulo Bernardo chegou a ser preso pela Polícia Federal em maio, durante a Operação Custo Brasil, um desdobrame­nto da Lava Jato. A ação mirava um esquema de propina em contratos de prestação de serviços ao Ministério do Planejamen­to. Ele é suspeito de ter recebido cerca de R$ 7 milhões em suborno.

 ??  ?? A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, investigad­os pela Operação Lava Jato
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, investigad­os pela Operação Lava Jato

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