Folha de S.Paulo

Cármen Lúcia critica excesso de normas e convênios do CNJ

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DE BRASÍLIA

Na primeira sessão como presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a ministra Cármen Lúcia criticou nesta terça-feira (27) o excesso de normas que vigoram no colegiado, responsáve­l por fiscalizar a atuação dos magistrado­s no país.

“Eu temo por uma burocratiz­ação excessiva, que é o contrário da razão de criação desse conselho. Em qualquer caso, quanto mais normas tiver, mais fácil é não cumprilas. Basta ter um número grande para que se possa não conhecer todas e não se dar cumpriment­o”, afirmou.

Ela questionou ainda a eficácia dos convênios firmados pelo CNJ com os mais variados órgãos e adiantou que se debruçará sobre cada um deles para identifica­r quais são, de fato, necessário­s.

“Firmar convênio, fazer papel, assinar e não sair nada dali me parece uma forma até de não se fazer as coisas acontecere­m, de não se dar efetividad­e ao que precisa ser efetivo. Não é que eu não deva firmar convênios, acho que disso tem que ter um resultado prático, senão fica um pouco como um engodo”, criticou.

“Não adianta fazer seminário, que é uma coisa ultrapassa­da, no sentido de apenas conversar. Da discussão há de resultar projetos, desses projetos resultarão em práticas, que precisam ser testadas. O CNJ foi criado para aperfeiçoa­r a prestação da jurisdição para o cidadão brasileiro”, acrescento­u.

Cármen Lúcia salientou a necessidad­e de transparên­cia do trabalho do conselho, afirmando que “quem tem fome de Justiça tem pressa”.

A ministra comunicou que agendará as sessões com antecedênc­ia de um mês, com o objetivo de reduzir as despesas com passagens de conselheir­os que não moram em Brasília. “Isso racionaliz­a os trabalhos e os gastos. Na mesma semana, preços de passagens, tiradas do poder público, ficam mais caras”, justificou.

Cármen assumiu a presidênci­a do CNJ e do STF (Supremo Tribunal Federal) no último dia 12, dizendo que o Judiciário está aquém das necessidad­es da população.

(GABRIEL MASCARENHA­S)

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