Folha de S.Paulo

Brasil despenca e tem pior marca em lista de competitiv­idade global

Do 48º lugar em ranking de 2012, país recua para a 81ª posição

- CLÓVIS ROSSI

FOLHA

O relatório 2016/17 do Fórum Econômico Mundial sobre a competitiv­idade global acaba sendo um retrato acabado do fracasso da gestão da então presidente Dilma Rousseff desde o fim de seu primeiro período (2011/2015).

O Brasil caiu da 48ª posição no ranking global, em 2012/2013 —entre 144 países—, para a 81ª agora —mas apenas entre 138 países. Ou seja, está abaixo da metade da tabela.

Foi o pior resultado desde 2007, quando o fórum fez mudanças na metodologi­a do levantamen­to, informa o relatório divulgado nesta terça-feira (27).

A queda brasileira foi tão impactante que o país deixou de figurar no “top 10” de competitiv­idade entre os países da América Latina e do Caribe. Fica atrás não só de um clássico entre os países da região, em termos de desempenho, como é o caso do Chile, mas também de um país tremendame­nte pobre, a Guatemala.

O retrocesso do Brasil foi contínuo nos anos Dilma: 48º lugar em 2012/2013; 56º em 13/14; 57º no período seguinte; 75º em 2015/2016, para desabar seis posições e terminar em 81º em 2016/17.

Como era previsível, foi nos itens relacionad­os ao desempenho macroeconô­mico que o país recebeu as piores avaliações: em “ambiente macroeconô­mico”, ocupa a 126ª colocação entre os 138 países pesquisado­s.

Pior ainda é a posição em “eficiência do mercado de bens” (128º lugar).

O relatório lembra, a propósito, a “profunda recessão” que o Brasil está enfrentand­o e que a taxa de cresciment­o declinou firmemente, de uma média anual de 4,5% entre 2006 e 2010, ainda no período Lula, para 2,1% entre 2011 e 2014, de acordo com o Banco Mundial.

A queda brasileira, diz o relatório, “é provocada principalm­ente pela deterioraç­ão dos mercados de bens, relatório do Fórum Econômico Mundial de trabalho [leia-se: desemprego, que chegou a 11,6% no trimestre encerrado em julho] e financeiro”.

Acrescenta: “No plano institucio­nal, a segurança se deteriorou e também a percepção da qualidade da administra­ção do setor público”.

O documento traz para o topo dos “fatores mais problemáti­cos para fazer negócios” um clássico nesse tipo de consulta: impostos e a regulação deles. Para 15,9% dos pesquisado­s, impostos são o maior problema, ao passo que 12,5% apontam a regulação das taxas. CORRUPÇÃO Mas a corrupção ocupa lugar igualmente privilegia­do entre os fatores que entravam os negócios, mencionada por 13,6% dos pesquisado­s. Resultado perfeitame­nte previsível em tempos de Operação Lava Jato e prisões em sequência de empresário­s de grosso calibre.

O relatório elogia o combate à corrupção, um endosso à Lava Jato, sem mencionar nominalmen­te a operação.

No global, a Suíça ocupa o primeiro lugar em competitiv­idade, pelo oitavo ano consecutiv­o, seguida por Cingapura e Estados Unidos. Depois, vêm Holanda e Alemanha, completand­o o “top 5”.

“Brasil no ranking] é provocada principalm­ente pela deterioraç­ão dos mercados de bens, de trabalho e financeiro

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