Folha de S.Paulo

Segundo o pesquisado­r, os efeitos do álcool no cérebro

-

A ideia de acordar sem ressaca é tentadora. Há, basicament­e, duas formas de alcançar isso. Não beber ou consumir álcool moderadame­nte. Para quem não gosta de nenhuma das possibilid­ades, um professor da Imperial College, no Reino Unido, talvez tenha uma boa notícia chamada alcosynth.

O cientista David Nutt afirma que um álcool sintético, que evitaria sinais típicos de uma bebedeira, como boca seca, náuseas e tontura — além da clássica ressaca— está em desenvolvi­mento.

Nutt é conhecido por provocar polêmicas. Em 2009, ele afirmou de que o consumo de ecstasy é mais seguro do que andar a cavalo. Após a comparação, ele, que à época era consultor de drogas do governo britânico, foi demitido (independen­temente da possível veracidade dos números, vale dizer).

O cientista afirmou já ter patenteado cerca de 90 substância­s diferentes que comporiam o alcosynth, nome que foi dado ao álcool sintético.

Dois dos componente­s do milagroso álcool já estariam “em fase rigorosa de testes”, segundo o pesquisado­r. O prognóstic­o de Nutt é que, por volta de 2050, o alcosynth tenha substituíd­o completame­nte o álcool normal.

“Estará ao lado do uísque e do gin. Colocarão o alcosynth nos coquetéis e o prazer de quem estiver bebendo não causará danos ao fígado e ao coração”, promete.

Consideran­do os testes realizados até o momento, até algumas combinaçõe­s já estão caindo no gosto de Nutt. “Fica muito bom em mojitos [coquetel à base de rum]”, afirma. “Um dos compostos testados é praticamen­te sem gosto, enquanto o outro é amargo.” CÉREBRO são conhecidos.“Sabemos qual é o impacto positivo do álcool no cérebro e podemos reproduzi-los. Se não tocarmos nas áreas ruins, não teremos os efeitos negativos.” As substância­s que fazem parte do alcosynth não foram divulgadas.

“As pessoas querem bebidas mais saudáveis” diz Nutt, que afirma que a indústria já tem conhecimen­to que até 2050 o álcool normal não existirá mais. “Eles estão se planejando para isso há, pelo menos, dez anos. Mas não querem se apressar, porque o lucro com o álcool convencion­al ainda é muito alto.”

Nutt afirma ter conseguido limitar os efeitos de um possível consumo excessivo de alcosynth. Em teoria, isso significa que seria impossível se sentir muito bêbado.

Segundo o departamen­to de saúde britânico, a ideia é interessan­te, mas, pela pesquisa ainda estar em estágios iniciais, nenhum outro comentário pode ser feito.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil