Folha de S.Paulo

Enxuta, ArtRio ref lete crise do mercado de arte no país

Evento começa amanhã com menor número de galeristas de sua história

- SILAS MARTÍ

Gigantes da cena global abandonara­m o barco; entraram nomes que vendem por valores mais praticávei­s

Nuvens negras no horizonte não mentem. E o movimento furioso de operários, artistas e galeristas à beira da baía de Guanabara também não deixam dúvidas que a ArtRio arranca com atrasos na montagem e a difícil missão de estancar a sangria num mercado que parece agonizar.

“Quando a gente começou, tinha o Cristo decolando na capa da ‘The Economist’. Era um momento de economia bombando”, diz Brenda Valansi, diretora da feira. “Mas a gente vem sentindo uma queda nas vendas se instaurand­o. Não vou sair pelo mundo chamando as galerias estrangeir­as dizendo que tudo aqui vai ser o máximo.”

Não vai. Em sua sexta edição, a ArtRio abre as portas agora com o menor número de galerias e ocupa o espaço mais enxuto desde sua estreia, refletindo o momento mais agudo da crise que abala o mercado da arte no país.

Todos os gigantes da cena global, como as americanas Gagosian e Pace, a suíça Hauser & Wirth e a britânica White Cube, abandonara­m o barco, restando a David Zwirner, uma das casas mais influentes do mundo, como brava sobreviven­te na praia deserta que virou o cenário carioca para os estrangeir­os.

Outros fatores também atrapalhar­am. A Olimpíada, que alugou os armazéns do Píer Mauá até uma semana atrás, encurtou o tempo de montagem da feira, que caiu de duas semanas para cinco dias.

Também por causa do evento, a ArtRio se descolou do calendário da Bienal de São Paulo, que começou no início do mês.

“Trazer galerias internacio­nais para competir com as brasileira­s não me pareceu justo num momento de crise econômica”, diz Valansi. “E não está me importando o tamanho da feira. Todo mundo sabe da crise, mas veio tentar botar para quebrar.”

De fato, a seleção das principais galerias do evento segue uma lógica simples. Entraram nomes que vendem por valores mais praticávei­s no momento, sem extravagân­cias ou maior ousadia.

Mas isso não é de todo ruim. Há nomes fortes do elenco de quase todas as casas. A David Zwirner tem verdadeira­s joias, como um Giorgio Morandi, um relevo do holandês Jan Schoonhove­n e obras dos minimalist­as Fred Sandback e Donald Judd.

Na Vermelho, estão bons trabalhos de Maurício Ianês, Marcelo Cidade, André Komatsu e do coletivo Chelpa Ferro, enquanto a Nara Roesler apostou nos medalhões de seu elenco, como Daniel Buren, Vik Muniz e trabalhos da mais nova série de Brígida Baltar. QUANDO abertura nesta quarta (28), para convidados; de qui. a sáb., das 13h às 20h; dom., 13h às 19h ONDE Píer Mauá, av. Rodrigues Alves, 10, Rio, artrio.art.br QUANTO R$ 30, no site compre ingressos.com

Começa nesta quarta (28) em São Paulo a 3ª Mostra de Filme Hip Hop, que faz uma ponte entre passado e presente no cinema dedicado a produções ligadas ou inspiradas pelo gênero musical. O panorama é amplo, com 14 filmes.

A abertura oficial, no CineSesc, exibirá “Wave Twisters” (2001), de Syd Garon e Eric Henry, que foi o primeira longa de animação da cultura hip hop. A ação é inspirada no álbum homônimo do DJ Q-Bert.

As maiores atenções devem se concentrar em filmes clássicos dos anos 1980 e em duas produções dos Beastie Boys.

Lançados entre 1984 e 1985, “Breakin’”, “Krush Groove” e “Beat Street - A Loucura do Ritmo” ajudaram a difundir a cultura da street dance. Entre disputas de gangues, “Breakin’” mostra uma jovem dançarina de jazz se unindo a uma QUANDO de 28/9 a 4/10; abertura oficial às 20h30; nos outros dias, sessões a partir das 17h ONDE CineSesc, r. Augusta, 2.075 QUANTO grátis PROGRAMAÇíO www.facebook.com/ MostraFilm­esHipHop

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Divulgação Dançarinos de ‘Breakin’’, grande sucesso no Brasil em 1984

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