Doria exibe apoio de Aécio e FHC na TV
Numa tentativa de demonstrar unidade em torno de sua campanha, o líder da disputa pela prefeitura de São paulo, João Doria (PSDB), exibiu em seu horário eleitoral declarações de apoio de alguns dos principais nomes de seu partido no país, entre eles o senador Aécio Neves (PSDBMG) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O apoio institucional de caciques tucanos foi veiculado a cinco dias do primeiro turno e tem grande valor simbólico para Doria, que convive há meses com acusações de sua candidatura, apoiada antes apenas pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, dividia o partido.
Dos nomes mais fortes e conhecidos do PSDB, só o ministro José Serra (Relações Exteriores) ficou de fora das gravações. Ele, assim como FHC, é amigo de Andrea Matarazzo (PSD), que é vice na chapa de Marta Suplicy (PMDB).
Matarazzo militou no PSDB por mais de 20 anos e decidiu deixar o partido após disputar as prévias para ser candidato a prefeito contra Doria. Ele abandonou a disputa após perder o primeiro turno, acusando o rival de ter fraudado a eleição interna.
Decidiu se filiar ao PSD para tentar ser candidato. Num movimento estimulado por amigos, como Serra, acabou se aliando a Marta, com base em avaliação de que, juntos, teriam mais chance de vencer.
Há algumas semanas, quando Doria afirmou publicamente que teria o apoio formal de FHC na TV, Matarazzo comentou com aliados que não se importava com o gesto público do ex-presidente e amigo. “Me importa é em quem ele vai votar”.
FHC já havia antecipado à Folha que gravaria uma mensagem de apoio a Doria, mas durante a entrevista não citou o nome do candidato. Disse que falaria a favor do nome do PSDB, e que seu gesto não deveria ser visto como um “case”.
Na gravação, entretanto, citou Doria nominalmente. “Apoiei pelo Brasil afora os candidatos do PSDB. Na minha cidade, que é São Paulo, da mesma maneira. Eu vou votar no João Doria”, diz.
Além de Aécio e FHC, aparecem na peça os senadores Aloysio Nunes e José Aníbal, ambos eleitos por São Paulo.
No filme, Aécio diz que “A eleição de João Doria é fundamental não só para São Paulo, mas para todo o Brasil” e aponta o candidato como o nome “para a renovação correta da política”.
Presidente nacional do partido e o principal rival de Alckmin na disputa interna pelo posto de presidenciável tucano em 2018, Aécio foi quem articulou para que outros tucanos proeminentes gravassem notas de apoio a Doria. Antes, FHC, por exemplo, se negou a posar para fotos com o candidato.
Segundo relatos, Aécio pediu aos colegas uma atuação “institucional” e argumentou que “se um do PSDB perde, todo mundo perde”.
Procurado pela Folha ,o senador evitou comentar a articulação, mas ressaltou sua confiança nos resultados de Doria e disse que acredita que o “PSDB será o partido que mais se fortalecerá nessas eleições municipais”.
“E digo isso como presidente do partido”, conclui.
A propaganda em que Doria é “abençoado” pelos tucanos termina com Alckmin, o principal padrinho político do tucano, desejando “boa sorte” a ele na disputa. Doria vincula o sucesso de sua empreitada às chances de Alckmin se credenciar para disputar a Presidência em 2018.
Em ato de campanha na noite desta terça, o governador disse que o partido dá um “exemplo de democracia” e que Doria é “agregador”.
Alckmin foi recebido com gritos de “presidente” e chamado de “vitorioso” por seu vice, Márcio França, pela “intuição de ver antes o que ninguém percebe”. THAÍS BILENKY