Folha de S.Paulo

Na Europa, Obama cita dificuldad­es da democracia

- DIOGO BERCITO

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, discursou nesta quarta-feira (16) em Atenas, na Grécia, sobre os desafios da democracia.

No mesmo ano em que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia e os EUA elegeram Donald Trump, Obama afirmou que “a história nos dá esperanças”.

Sua viagem a Atenas e, na mesma tarde, a Berlim faz parte de seu último giro internacio­nal. Uma de suas tarefas será convencer os aliados europeus a ter esperanças em sua relação com os EUA, em meio aos temores trazidos pela eleição de Trump.

Obama reconheceu que há desafios na democracia, exa- cerbados pela globalizaç­ão e pela distância entre os governos e os cidadãos.

“Democracia é simples quando todo o mundo se parece. É mais difícil quando há pessoas vindas de uma variedade de contextos tentando viver juntos”, disse, referindo-se à recente crise dos refugiados na Europa.

Obama afirmou, ainda, que a democracia carece de uma correção de trajetória, para garantir que os benefícios de uma economia global sejam distribuíd­os de maneira mais igual a mais pessoas. ÚLTIMA TURNÊ Obama se reúne na quinta-feira (17), em Berlim, com a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês François Hollande, o premiê italiano Matteo Renzi e a premiê britânica Theresa May.

Merkel é a principal aliada de Obama. Ambos publicaram um artigo em conjunto na revista “Wirtschaft­sWoche” defendendo um acordo de livre comércio entre EUA e UE, em contraste com as declaraçõe­s de Trump.

O presidente americano tentará tranquiliz­ar os parceiros europeus em relação a Trump. A transição americana é hoje vista com apreensão pela União Europeia.

“O próximo presidente e eu não poderíamos ser mais diferentes”, disse Obama em Atenas. “Temos pontos de vista muito distintos, mas a democracia americana é maior do que qualquer pessoa.”

Trump criticou, no passado, a participaç­ão americana na Otan (aliança militar ocidental), exigindo maior contribuiç­ão europeia e questionan­do a obrigação de defender os aliados no caso de um ataque da Rússia, um dos fundamento­s desse tratado.

Na terça-feira (15), também em Atenas, Obama havia afirmado a repórteres que o mundo precisa proteger-se contra o cresciment­o dos movimentos nacionalis­tas, no que foi entendido como uma crítica indireta a Trump.

Outra preocupaçã­o europeia em relação à presidênci­a de Trump é o comércio. Está em negociação um acordo entre EUA e a UE, já criticado pelo republican­o. O bloco econômico exportou aos EUA o equivalent­e a 371 bilhões de euros em 2015 e importou 248 bilhões de euros.

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Brendan Smialowski/AFP Obama visitou o Parthenon durante passeio em Atenas

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