Folha de S.Paulo

Dois supostos membros das Farc são mortos

Exército da Colômbia diz que terceiro guerrilhei­ro, capturado vivo, informou que os três pertencem à organizaçã­o

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Há relatos, porém, que eles integraria­m o ELN; mortes ocorrem após assinatura de nova versão de acordo de paz

Dois guerrilhei­ros apontados como integrante­s das Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia) morreram “em combates” com o Exército da Colômbia, em meio ao cessar-fogo bilateral que está em vigor e às negociaçõe­s de paz entre o governo e a organizaçã­o.

“Houve combates ao sul de Bolívar, e morreram guerrilhei­ros que, dizem, pertencem às Farc”, afirmou o chefe negociador de paz do governo, Humberto de la Calle, à Caracol Televisión.

Em nota, o Exército do país informou que um terceiro suposto insurgente foi capturado e manifestou que ele e os dois mortos pertencem à Frente 37 das Farc.

As forças militares afirmaram, no entanto, que a população da região do conflito apontou os guerrilhei­ros como integrante­s do ELN (Exército de Libertação Nacional), a segunda organizaçã­o guerrilhei­ra na Colômbia.

Os combates ocorreram após a assinatura, neste sábado (12), de uma nova versão do acordo de paz entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e as Farc.

A negociação de um acor- do é feita há mais de quatro anos e pretende encerrar um conflito que ultrapassa cinco décadas e que já matou cerca de 250 mil pessoas.

A primeira versão do histórico acordo foi assinada no mês de setembro, em Havana, mas rejeitada pelos colombiano­s, por margem estreita de votação, em um plebiscito realizado em outubro.

Ao fechar o novo acordo com as Farc, no sábado, o presidente Santos destacou o quanto era indispensá­vel “ter sucesso rapidament­e no acordo renegociad­o” frente à vulnerabil­idade do cessar-fogo.

“O cessar-fogo é frágil. A incerteza gera receios e riscos de jogar esse imenso esforço no lixo”, afirmou Santos.

Jorge Restrepo, diretor do Cerac (centro que estuda a violência armada na Colômbia), afirmou que esta pode ser a primeira violação documentad­a do cessar-fogo bilateral nos últimos 80 dias.

“Isso demonstra que apenas o desarmamen­to [da guerrilha] pode levar ao encerramen­to total das atividades criminosas das Farc.”

O especialis­ta alerta que os que se opuseram à primeira versão do acordo de paz devem perceber o que ele classifica como “enorme risco” de que o conflito se reinicie.

Negociador­es do governo afirmaram na terça (15) que o novo texto do acordo é “definitivo” e falta apenas definir como será referendad­o. Os que se opuseram ao primeiro texto defendem “ajustes”.

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