Folha de S.Paulo

Países do Cone Sul discutem cooperação policial na fronteira

- ISABEL FLECK

Liderados pelo Brasil, governos pretendem compartilh­ar inteligênc­ia e rede sobre lavagem

Dando seguimento a um dos temas considerad­os prioritári­os em seu governo, o presidente Michel Temer conseguiu levar a Brasília nesta quarta (16) sete ministros de cinco países (Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai) para tentar liderar um esforço de cooperação regional em segurança de fronteiras.

O principal foco do governo brasileiro foi na cooperação em operações policiais entre os países do Cone Sul e o intercâmbi­o de informação entre agências de inteligênc­ia.

Segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o Brasil já possui tratados bilaterais ou multilater­ais que permitem operações policiais em conjunto com todos esses países, mas só com o Paraguai o texto está em vigor.

“Essa cooperação passa por protocolos assinados pelas polícias dos dois países — para se ter uma ideia, há acordos desde 2006 que ainda não foram regulament­ados. Vamos, a partir de agora, regulament­ar”, disse Moraes.

Nesta quarta, um protocolo de cooperação policial foi assinado entre Brasil e Bolívia, e Moraes disse que pretende fazer o mesmo com mais países até o fim do ano.

Durante o encontro com ministros e vice-ministros das áreas de Relações Exteriores, Defesa, Justiça e Interior, o governo brasileiro também su- geriu a criação de uma “rede de laboratóri­os de lavagem de dinheiro”, que ajude no rastreamen­to de transações ilegais, e ofereceu aos demais a utilização do Centro de Cooperação Policial Internacio­nal, inaugurado em agosto para a Olimpíada.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, sugeriu que os outros países fizessem como o Brasil e permitisse­m às suas forças armadas “atuar preventiva­mente e repressiva­mente na fronteira”. Nos outros países, é somente a polícia que tem essa competênci­a.

O ministro anunciou ainda que os países devem criar um cadastro de aeronaves para combater o narcotráfi­co e o contraband­o por via aérea, e que a operação Ágata, que integra forças armadas e policiais na fronteira, será “reformulad­a” para durar por mais tempo e ser realizada sem anúncio prévio. PLANO DE FRONTEIRAS Aproveitan­do os holofotes da reunião, Temer assinou um decreto para substituir o Plano Estratégic­o de Fronteiras, de 2011, pelo Programa de Proteção Integrada de Fronteiras.

A diferença entre os textos se dá, principalm­ente, pela inclusão da inteligênc­ia e pela melhor definição da atuação de cada órgão nacional. O novo cria ainda um comitê formado por seis ministério­s, a Agência Brasileira de Inteligênc­ia e o Gabinete de Segurança Institucio­nal para tratar do tema.

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