Folha de S.Paulo

Policiais reprimem manifestan­tes e até colegas de farda

- LUCAS VETTORAZZO LUIZA FRANCO

O protesto organizado nesta quarta-feira (16) por servidores contra o pacote de ajuste proposto pelo governo do Estado, na porta da Assembleia do Rio, teve cenas nunca vistas na cidade.

Policiais civis e militares, bombeiros, agentes penitenciá­rios, servidores da educação e da saúde, entre outras categorias, foram reprimidos com bombas de efeito moral e gás lacrimogên­eo pela PM.

Funcionári­os da área de segurança pública, que na semana passada ocuparam o prédio da Assembleia sem encontrar resistênci­a da polícia, foram reprimidos desta vez.

A Assembleia estava cercada, e os ânimos, exaltados. Um grupo de bombeiros, agentes penitenciá­rios e servidores da educação derrubou no início da tarde as grades instaladas para proteger o prédio, dando início à reação da polícia.

Policiais de folga que participav­am do protesto discutiam com seus colegas de profissão, tentando dissuadi-los a continuar a lançar bombas.

Dois policiais do Batalhão de Choque abandonara­m seus postos e deixaram o protesto. Procurada, a PM não informou se eles serão punidos por descumprir­em as ordens dos seus superiores.

A corporação afirmou que primeiro analisará os vídeos que circularam nas redes sociais, mostrando os policiais sendo saudados por manifestan­tes ao deixar seus postos.

A polícia usou a cavalaria e um blindado que lança jatos d’água para dispersar os manifestan­tes, que se reagrupava­m em ruas do centro e voltavam para a frente do prédio, sem conseguir invadi-lo.

Funcionári­os públicos revidaram às bombas com pedras e latas. Um grupo de bombeiros ensaiou avançar sobre um grupo do Choque. Foram desencoraj­ados por PMs e policiais civis que protestava­m.

Um policial militar discursou no alto do carro de som, afirmou estar armado e pediu calma aos colegas de farda.

Dentro da Assembleia, o clima ficou tenso entre deputados e assessores que estavam no prédio quando as grades foram derrubadas. Servidores prometem nova manifestaç­ão para a sexta (18).

O protesto também exibiu divisões. Embora o movimento tenha direção única, há divergênci­as entre os grupos. Servidores da segurança se posicionar­am contra os da educação que carregavam uma bandeira do PSTU. NICOLA PAMPLONA,

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