Folha de S.Paulo

SERVIÇOS EM BAIXA

- EULINA OLIVEIRA

DE SÃO PAULO

Uma intervençã­o do Banco Central no mercado freou nesta quarta-feira (16) a rápida desvaloriz­ação do real em relação ao dólar que se seguiu à inesperada eleição do bilionário Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

A cotação da moeda americana caiu 0,38% no mercado à vista, para R$ 3,4216, depois de ter subido quase 9% em quatro sessões por causa da incerteza criada pela eleição de Trump, há uma semana.

Logo de manhã, o Banco Central negociou US$ 1,5 bilhão em contratos no mercado futuro de câmbio, operação financeira com efeito equivalent­e ao de uma injeção de dólares no mercado, fazendo baixar a cotação do dólar.

Fatores externos também contribuír­am, como a alta de 6% do petróleo no mercado internacio­nal na terça (15), que beneficiou moedas de países emergentes como o Brasil. “Mas a tendência do dólar continua sendo de alta, porque os investidor­es esperam uma elevação mais rápida dos juros nos EUA”, afirmou Cleber Alessie, operador da corretora H. Commcor.

A aposta dos investidor­es é que Trump cortará impostos e aumentará investimen­tos públicos em infraestru­tura, o que pode acelerar a inflação e levar o Federal Reserve, o banco central americano, a subir os juros para conter a pressão inflacioná­ria.

Segundo levantamen­to da agência Bloomberg, aumentou para 94% a probabilid­ade de uma elevação dos juros americanos na próxima reunião do comitê de política monetária do Fed, em dezembro. No exterior, o dólar continuou se valorizand­o em relação à maioria das moedas.

No Brasil, as taxas no mercado de juros futuros também caíram nesta quarta, acompanhan­do o movimento do dólar e reagindo à atuação do Tesouro Nacional, que anunciou mudanças nos leilões de títulos do governo para evitar oscilações bruscas nos preços dos títulos públicos.

O Ibovespa, principal índice do mercado de ações no Brasil, teve alta de 1,85%, descolando-se do cenário externo. “Foi um pregão atípico, com o índice ajustandos­e à forte alta de papéis de empresas brasileira­s na Bolsa de Nova York durante o feriado aqui”, disse Marcelo Varejão, analista da corretora Socopa. Em Nova York, o índice S&P 500 caiu 0,15%.

Volume do setor segue em queda no Brasil

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