Folha de S.Paulo

Policial militar ‘oficializa’ hobby e expõe esculturas em fórum

- THIAGO AMÂNCIO

de Proficiênc­ia em Inglês (EPI, na sigla em inglês) da EF Education First, empresa de educação internacio­nal especializ­ada em intercâmbi­o, divulgado nesta quarta (16). Nesta edição, o índice mediu o domínio da língua em 72 países.

No ano passado, o desempenho dos brasileiro­s foi melhor, com pontuação de 51,05, mas ficou na 41ª posição entre 70 países avaliados.

“O Brasil continua estagnado, o que mostra que as políticas de ensino do idioma não se mostraram efetivas nos últimos anos”, disse Luciano Timm, vice-presidente de Relações Institucio­nais e Acadêmicas da EF Educaton First.

Entre os Brics, o Brasil ficou atrás de China (39), Rússia (34) e Índia (22) —onde o inglês, apesar de oficial, não é tão disseminad­o. Já a África do Sul não participa do índice porque o inglês é uma das línguas oficiais. Na edição de 2015, o Brasil havia ultrapassa­do a China.

No país, apenas Distrito Federal (53,01) e Rio Grande do Sul (52,88), têm proficiênc­ia considerad­a moderada. Na edição 2015, São Paulo também estava nessa categoria com 53,6, mas, este ano, com nota 51,49 foi rebaixado. Mato Grosso foi o mais mal avaliado, com 44,4 pontos.

Parece muito, mas Joaquim Lima Sales, 44, jura que nem vê passar as cinco horas que fica quase todos os dias esculpindo no ateliê dos fundos da sua casa, em Mongaguá, litoral de SP, onde é conhecido como “Kinkas”.

Enquanto não está fazendo sua arte, trabalha como soldado da Polícia Militar no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de SP. Lá, é o soldado Sales.

Apesar de inusitada, ele diz que é perfeitame­nte compatível a combinação entre o soldado Sales e o Kinkas: “Muitos policiais têm outras habilidade­s. Tem policial ator, poeta”, argumenta.

E essa veia artística em agentes de segurança pode tornar a PM mais próxima do povo, diz ele. “Temos que expor mais esse tipo de coisa.”

Nunca fez curso para aperfeiçoa­r sua técnica, mas traz a prática desde a infância, época em que fabricava os próprios brinquedos.

Para o desespero da mãe, serrava os talheres de casa e criava ferramenta­s como formão e goiva. Com elas, esculpia em madeira, isopor e o que mais estivesse à frente.

Hoje, trabalha com concreto celular, material usado na construção civil. Demora entre um e dois meses para terminar uma peça —calcula já ter feito entre 40 e 50 delas.

Sales diz que mulher é sua maior crítica e não tem medo de dizer quando suas peças ainda podem melhorar. “Ela tem um olho clínico que impression­a”, afirma.

Foi convidado para expor no saguão do fórum, até a última semana, 11 peças com símbolos relacionad­os à Justiça, como a balança e a divindade da mitologia grega Têmis, mulher com os olhos vendados e espada nas mãos.

Hoje, seus trabalhos estão à mostra no shopping Continenta­l, em Osasco (Grande SP), ao lado de outros 30 artistas brasileiro­s e internacio­nais, até 27 de novembro.

 ?? Adriano Vizoni/Folhapress ?? O policial Joaquim Lima Sales, 44, com uma de suas esculturas, no Fórum da Barra Funda
Adriano Vizoni/Folhapress O policial Joaquim Lima Sales, 44, com uma de suas esculturas, no Fórum da Barra Funda

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