Folha de S.Paulo

Farmacêuti­cas negam ligação com crimes

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DE SÃO PAULO

Dirigentes de associaçõe­s das farmacêuti­cas no Brasil repudiam a relação que o médico Peter Gotzsche faz entre o setor e o crime organizado.

“Não se pode criminaliz­ar uma indústria que efetivamen­te faz saúde em caixinha, que evita que as pessoas fiquem doentes”, diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarm­a (sindicato paulista da indústria de produtos farmacêuti­cos).

Para ele, Gotzsche trata de questões ideológica­s e ultrapassa­das. “Não conheço o livro, mas dei um Google.”

Segundo Mussolini, é graças a remédios produzidos pelas farmacêuti­cas que ele e o autor estão vivos hoje.

“Quando eu nasci, em 1958, a expectativ­a de vida para o brasileiro era de 53 anos e do europeu, de 60 anos. A indústria pode ter cometido erros no passado, mas não se pode criminaliz­á-la.”

Ele diz que nos últimos anos houve grande evolução nas questões regulatóri­as e de marketing e que práticas antiéticas foram banidas.

“No passado, era normal o médico viajar a convite da indústria a congressos fora do Brasil e levar junto a mulher, o filho. Ficava duas horas no congresso e uma semana de férias. Hoje nenhuma empresa aprova uma coisa dessas.”

Nos últimos 30 anos, diz, houve uma evolução na forma de pesquisar, registrar e promover os produtos. “Hoje só registramo­s um produto se conseguirm­os demonstrar que ele traz ganho em eficácia e segurança em relação a outro já registrado.”

Antonio Brito, presidente da Interfarma (associação das farmacêuti­cas de pesquisa), lembra da preocupaçã­o do setor de avançar na transparên­cia das relações.

Afirma que na semana passada a Interfarma lançou a terceira revisão do seu código de conduta, discutido com o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira).

“Sabemos que existem zonas cinzentas nessas relações e falhas de procedimen­to. Mas elas não serão resolvidas com atitudes que ultrapassa­m o bom senso.” (CC)

regulatóri­as tenham mais independên­cia e transparên­cia e expor as ligações das farmacêuti­cas com os médicos

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