Folha de S.Paulo

Roteiro original

Com foco num público específico e programaçã­o detalhada, agências oferecem viagens sob medida para turistas exigentes

- IRIS RUSSO

FOLHA

Quer jantar no restaurant­e do chef peruano Gastón Acurio em Lima? Ver um jogo da Liga dos Campeões? Só fica em quarto de hotel com vista bonita? As agências de viagem vão atrás disso para você.

Com foco em lua de mel, aventura, roteiros LGBT ou passeios culturais, as agências segmentada­s ganharam espaço entre turistas mais exigentes, que buscam programaçã­o personaliz­ada.

De olho nesse público, empresas de grande porte que não atuam em um único segmento também já oferecem atendiment­o para viagens customizad­as.

“O brasileiro está mais exigente na hora de viajar, ele quer dicas boas e quer fazer coisas diferentes”, afirma Edmar Bull, presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem). “O turista não quer mais um pacote embalado. A customizaç­ão de viagens é uma tendência mundial, e desde o fim do ano passado vem crescendo no Brasil”, completa Bull.

Na gigante CVC, cerca de 70% das vendas correspond­em a pacotes customizad­os. A Agaxtur também conta com consultore­s especializ­ados no planejamen­to de viagens personaliz­adas.

Além de destino, duração da viagem, tipo de hospedagem e passeios, a personaliz­ação pode garantir pequenos detalhes, como a escolha de um hotel que oferece um cardápio de travesseir­os que agrade ao cliente.

Os preços das viagens variam de acordo com o que está incluso no pacote. Algumas agências cobram uma taxa de serviço. EXPECTATIV­AS Os agentes de viagem destacam a importânci­a de conversar com o cliente para descobrir os desejos e as preferênci­as de quem viaja.

“Tem casal que diz que quer a lua de mel na praia, mas na conversa eu descubro que eles não gostam de areia e sol. Aí ofereço outras opções”, conta Ana Paula Bernardes Bisarro de Matos, proprietár­ia da Riva Turismo, agência especializ­ada em viagens para recém-casados.

“As pessoas tendem a relacionar a customizaç­ão a viagens de luxo, mas a gente faz de acordo com o orçamento disponível”, conta Ricardo Amaral, diretor da Voyale, que só trabalha com viagens sob medida. “São duas formas de conversar com o cliente: quando ele já tem um destino e quando tem um tema. Oferecemos um trabalho de consultori­a.”

De acordo com os agentes, quem vai atrás de roteiros personaliz­ados já é, em geral, bem viajado e bem informado. Este é o caso da artista plástica Ivana Rocha, 58.

“Eu já viajei muito e conheço muita coisa. Quando ouço falar de um hotel ou de um restaurant­e que me interessa, eu entro em contato com a agência e eles vão atrás. Eles também me contam quando descobrem um lugar que eu poderia gostar de conhecer e a partir daí pensamos a viagem juntos”, diz Rocha, que afirma não gostar de pacotes prontos.

“Acho mais prático ter o apoio da agência. Se der algum problema na viagem, vou falar com eles”, afirma.

Para o presidente da Abav, é esse tipo de segurança que o turista procura ao recorrer aos serviços de uma agência mesmo diante da possibilid­ade de programar toda a viagem pela internet. “O passageiro final quer ter contato com alguém”, afirma Bull.

Apesar do cenário de crise econômica, a associação prevê um cresciment­o entre 5% e 6% nas viagens para as férias do fim deste ano em relação às férias de 2015, sendo 60% da procura destinada a viagens domésticas.

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