Folha de S.Paulo

O redemoinho de 2016

Passados sete meses do golpe, o país vive uma crise econômica e social com 12 milhões de desemprega­dos e caminha para a convulsão

- RAIMUNDO BONFIM E LINDBERGH FARIAS

O ano de 2016 terminou, mas será impossível esquecê-lo por muitos anos, tamanha foi a complexida­de e a velocidade dos acontecime­ntos.

A classe média, impulsiona­da pelas ações da Operação Lava Jato, bateu panelas, foi às ruas indignada com a corrupção e exigiu o impeachmen­t de Dilma Rousseff.

2016 será lembrado por ter sido o ano em que o Congresso cassou Dilma sem ela ter cometido crime de responsabi­lidade.

2016 foi marcado por grandes protestos de ruas e nem o período eleitoral deu trégua às manifestaç­ões. Consumado o impeachmen­t, a dupla MBL/Vem pra Rua tirou o time de campo. Porém, as Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, contrárias ao impeachmen­t e provocadas por Michel Temer —que afirmou não passarem de 40 os manifestan­tes contrários ao governo— levaram à Paulista mais de 100 mil pessoas num só grito: Fora, Temer e Diretas Já.

Em 2016, a crise econômica, política, social e institucio­nal atingiu todos os Poderes. Nem o intocável STF escapou da força do redemoinho. Renan Calheiros, afastado da presidênci­a do Senado por uma liminar, desobedece­u a decisão e levou a mais alta corte à humilhação e à desmoraliz­ação.

Outro fato a ser destacado em 2016 foi a violenta repressão policial às manifestaç­ões contra o impeachmen­t e a retirada de direitos.

O ano será lembrado também pela maior derrota da esquerda e a ascensão da direita, mas também pelo movimento dos estudantes secundaris­tas, que numa ação inédita ocuparam mais de 1.200 escolas e 300 universida­des em contraposi­ção à reforma do ensino médio.

Apesar da resistênci­a dos movimentos sociais, o governo ilegítimo aprovou emenda constituci­onal que congelará por 20 anos investimen­tos nas áreas sociais, em especial saúde, educação e assistênci­a social, num retrocesso sem precedente.

A corrupção, o ataque aos direitos sociais e a instabilid­ade política são as marcas do governo sem legitimida­de. Em meio ano de mandato, seis ministros caíram.

A delação da Odebrecht levou o governo Temer à lona, atingindo ele próprio e os auxiliares Eliseu Padilha e Moreira Franco —únicos do núcleo duro que ainda não se foram.

Passados sete meses do golpe, o país vive uma crise econômica e social com 12 milhões de desemprega­dos e caminha para a convulsão social. Todos os campos da economia estão em crise.

Temer, com alta rejeição, tenta levar seu mandato até 2018. Mas o fantasma da cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral e o mantra da desconfian­ça faz com que setores econômicos e empresaria­is iniciem a busca de nomes para eventual eleição indireta (o golpe do golpe) par dar seguindo ao ajuste fiscal e o desmonte do Estado.

A eleição indireta de um presidente por um Congresso desmoraliz­ado jogará mais lenha na fogueira. Se essa for a solução, o redemoinho de 2016 poderá em 2017 se transforma­r em tsunami.

Em 2017 seguiremos a resistênci­a, em defesa das Diretas Já, contra os ataques aos diretos sociais e o desmonte da Previdênci­a Social e das leis trabalhist­as. RAIMUNDO BONFIM, LINDBERGH FARIAS,

O ano de 2017 já começou bem quente no Brasil, tanto na temperatur­a como nas notícias dos presídios e nas declaraçõe­s dos governante­s. Conclui-se que estamos sob o comando dos que estão presos, dos que estão envolvidos na Operação Lava Jato e dos que acabaram de ser eleitos com promessas irrealizáv­eis. A sensação térmica é a de que estaremos vivendo num inferno por um bom tempo.

CARLOS GASPAR

Muito embora seja louvável a oportunida­de oferecida a autores brasileiro­s, está claro, opinião externada por inúmeros leitores, que o nível é muito abaixo do que aquele que motivaria alguém a abrir o jornal e vivamente interessar-se por ler as tirinhas. Na edição de quarta (4/1), o sr. Allan Sieber se superou, e a Folha publicou uma tirinha totalmente escatológi­ca, sem pé nem cabeça e que não contribui em nada para a formação do nosso povo.

RAUL TODESCHINI

Boas Festas

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