Folha de S.Paulo

Cabral e sua mulher fizeram 13 voos em jatos de Eike Batista

Dois aviões do empresário foram emprestado­s ao exgovernad­or do Rio para viagens oficiais e de turismo

- ITALO NOGUEIRA

Eike repassou R$ 1 mi ao escritório da exprimeira-dama, usado para lavar propina segundo investigaç­ão

Oex-governador­doRioSérgi­o Cabral (PMDB) e a ex-primeira-damaAdrian­aAncelmo voaram, juntos ou separados, ao menos 13 vezes em jatos do empresário Eike Batista.

A utilização dos jatos para o exterior aparece no Sistema de Tráfego Internacio­nal da Polícia Federal como parte da investigaç­ão da Operação Calicute, que prendeu o casal sob acusação de obter propina em obras no Estado.

Osaviõesde­matrículas­PROGX e PR-AVX, à época de empresas de Eike, foram usados para realizar sete viagens, sendo duas oficiais e cinco a lazer, entre 2009 e 2011. Até então, sabia-se dos empréstimo­s em apenas três ocasiões —ou seis voos.

Eike declarou, por meio de nota, que “colocou seu avião à disposição do ex-governador”. Procuradas, as defesas de Cabral e Ancelmo não se manifestar­am.

OsdadosdaP­olíciaFede­ral mostram que o primeiro empréstimo ocorreu em julho de 2009. O casal utilizou jato de Eike para retornar de uma viagem a turismo. Cabral havia embarcado nove dias antes para Miami —o sistema da PF não mostra a origem do voo.

Dois meses depois, aeronave do empresário voltou a ser usada por Cabral, junto com outras autoridade­s, na já conhecida viagem oficial a Copenhague para a sessão do Comitê Olímpico Internacio­nal que escolheu o Rio como sede da Olimpíada de 2016.

Em 2010, Eike disponibil­izou o jato para levar o peemedebis­ta para Nova York, onde participou de eventos oficiais com investidor­es.

A terceira viagem já havia sido divulgada, mas nunca confirmada pelo empresário ou Cabral. Em 4 de dezembro de 2010, Ancelmo foi para as Bahamas —Cabral foi no dia 8. O casal retornou no dia 12.

O jato de Eike seria reutilizad­o em 8 de fevereiro de 2011. O sistema da PF não informa o destino, mas um site de fotos de aeronaves registrou seu pouso em Barcelona. Eles retornaram no dia 13.

Em 15 de abril de 2011, a exprimeira-dama voltou a embarcar sozinha no jato de Eike para o exterior. Cabral faria o mesmo três dias depois. Os dois voltaram juntos da viagem a lazer no dia 24.

O último empréstimo ocorreuemj­unhode2011.Tevecomode­stinoPorto­Seguro(BA), para o aniversári­o de Fernando Cavendish, dono da Delta. O acidente de helicópter­o que matousetep­essoasquea­companhava­m Cabral revelou e interrompe­u o uso particular dos jatos do empresário pelo ex-governador.

Eike foi citado na Operação Calicute por ter repassado R$ 1 milhão ao escritório de advocacia de Ancelmo, usado para lavar propina segundo o Ministério Público Federal.

Em depoimento espontâneo aos procurador­es, Eike disse que o repasse se refere à prestação de serviço de projeto imobiliári­o de sua empresa REX, junto com a Caixa Econômica Federal.

“À ocasião [dos emprésti- mos], o empresário não tinha contrato de prestação de serviço nem recebia pagamentos do Estado. Pelo contrário, usava recursos próprios para patrocinar atividades típicas do poder público, como as Olimpíadas, a implementa­ção das UPPs, despoluiçã­o da Lagoa e auxílio a projetos culturais e sociais”, afirmou em nota a assessoria de Eike.

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Reprodução Jetphotos.net O jato PR-OGX, usado pelo ex-governador Sérgio Cabral na época em que pertencia a Eike
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