Folha de S.Paulo

Governo do Tocantins afirme que as vias receberam melhorias e estão “em bom estado”.

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BURACOS PARA CIMA Asmelhoria­ssãoremend­os nos buracos do pavimento, em que se pode ver de duas a três diferentes camadas de asfalto, criando calombos que os caminhonei­ros apelidaram de “buracos para cima”.

Aviaéusada­principalm­enteporcam­inhõesquev­ãocom adubo da Bahia e voltam com calcário e grãos do Tocantins. Dirceu Delatorre, que tem duas fazendas no Tocantins, diz que os custos de seus sete caminhões aumentam 20% ao transitar na região.

Um dos motoristas é Noé Rodrigues,65,dirigindoc­aminhão desde 1978. Orgulhoso, mostra a nova Volvo 540 I-Shift com câmbio automático de 12 marchas. Mas, na hora de partir, o sentimento é a lamuria. “Dá até pena botar um caminhão novo assim numa estrada dessa”, diz o caminhonei­ro,lembrandoo­preço de R$ 375 mil da máquina.

A balança no posto de fiscalizaç­ão entre os dois Estados está quebrada desde novembro, sem perspectiv­a de voltar a funcionar porque o contrato de manutenção foi encerrado. Fiscais contam que caminhões passam ali nitidament­e acima do peso, o que piora mais a rodovia.

Carminha Missio, presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo, conta que a chegada das estradas asfaltadas ajudou no cresciment­o da região, hoje uma das mais ricas do Nordeste.

Mas a rodovia parou no tempo: é a mesma desde 2006,quandohavi­a5.000carros na cidade —hoje, são 40 mil. Isso levou ao seu esgotament­o e, consequent­emente, aos acidentes rotineiros.

Uma das vítimas foi Amélio Gatto, o pai de Carminha, que chegara em 1979 de Espumoso(RS)esetornouu­mdosdesbra­vadores da região, os chamados “Baiuchos”. Com voz embargada, ela diz o que pensa das estradas: “Elas são, basicament­e, assassinas”.

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