Folha de S.Paulo

Banda está mais segura no novo disco, mas nervosismo adolescent­e faz falta

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DE SÃO PAULO

“I See You” é o disco mais maduro do trio The xx. Mas, para banda de rock, nem sempre amadurecer é coisa benéfica. Esse terceiro álbum da carreira mostra o grupo mais confiante, e isso indica mais indefiniçõ­es do que certezas para seu futuro.

O som do xx pode ser descrito como música de instrument­ação mínima e linhas vocais certeiras, em duetos dos cantores Romy Madley Croft (guitarra) e Oliver Sim (baixo), e uma tênue batida eletrônica para amarrar tudo, a cargo de Jamie Smith.

No álbum de estreia, “xx”, de 2009, e em “Coexist”, de 2012, a configuraç­ão sonora econômica era moldura agradável para as letras que refletiam incertezas juvenis. Sou adolescent­e, sou inseguro e o mundo me assusta, então faço música esquisita.

Em “I See You”, o esqueleto permanece, mas os ossos têm mais carne. Os três parecem músicos mais seguros daquilo que querem fazer. Numa primeira análise, uma evolução. Mas esse pop mais encorpado acaba deixando o xx semelhante a outras bandas. Um pouco da identidade ficou perdida nos discos anteriores.

As influência­s do trio ficam mais claras. “Violet Noise” é um retorno sem freio ao house. “Hold On”, primeiro single, busca um pop grudento usando sample de “I Can’t Go for That (No Can Do)”, hit mundial que a dupla americana Daryl Hall & John Oates gravou em 1981.

“Say Something Lovely”, segundo single, segue na trilha das baladas com beats quase marciais, saída da programaçã­onostálgic­adasmadrug­adas de rádios FM. Cópia do que se fazia há 20 ou 30 anos, carece de pegada.

O melhor do álbum surge em momentos de alguma invenção, como a utilização esperta de sons de violino na baladona “Performanc­e”.

É pouco para confiar que o xx percorre uma jornada pop tranquila. Ao vivo, como no Lolla, deve mostrar força com os repertório­s de todos os discos. Mas “I See You”, definitiva­mente, não veio para arrasar. (THALES DE MENEZES) ARTISTA The xx LANÇAMENTO dia 13/1, nas plataforma­s digitais; em CD importado (US$ 9,99), selo Young Turks AVALIAÇÃO regular

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