EUA prendem executivo da Volks por fraude em emissão
Funcionário é acusado de conspiração para enganar governo e violar lei
Montadora admitiu uso de software que manipulava testes de poluição em 11 milhões de veículos no mundo
O FBI (a PF norte-americana) deteve um executivo da Volkswagen que enfrenta acusações de conspiração para fraudar os EUA, numa escalada da investigação criminal sobre o escândalo de trapaça da montadora de automóveis na emissão de poluentes por motores diesel.
Oliver Schmidt, que comandou a divisão de fiscalização da Volks nos EUA entre 2014 e março de 2015, foi detido no sábado (7) por investigadores na Flórida.
Processos abertos contra a Volkswagen pelos secretários estaduais de Justiça de Nova York e de Massachusetts acusam Schmidt de desempenhar papel importante nos esforços da Volkswagen para ocultar das autoridades regulatórias sua trapaça quanto a emissões.
A partir do final de 2014, Schmidt e outros executivos importantes da Volkswagen citaram repetidamente explicações técnicas falsas para o alto nível de emissões de veículos da empresa, de acordo com os secretários estaduais de Justiça. Em 2015, Schmidt admitiu a existência do dispositivo manipulador que permitia aos veículos da Volkswagen trapacear em testes de emissões.
A Volks por fim admitiu que 11 milhões de carros em todo o planeta haviam sido equipados com software ilegal que tornava os veículos capazes de derrotar testes de poluição.
O software permitia que os carros detectassem quando estavam sendo submetidos a testes e acionava os dispositivos de controle de poluição a fim de conter as emissões, à custa de desempenho do motor. Mas os controles não operavam plenamente nas ruas, e os carros emitiam óxido de nitrogênio em volume até 40 vezes maior que o autorizado pela Lei do Ar Limpo norte-americana.
James Liang, antigo engenheiro da Volkswagen na Califórnia, se admitiu culpado em setembro de acusações que incluíam conspiração para fraudar o governo federal e violação da Lei do Ar Limpo. Mas a detenção de Schmidt conduz a investigação aos escalões executivos.
A detenção veio em um momento no qual a Volkswagen e o Departamento da Justiça se aproximam de um acordo para resolver a investigação criminal sobre a trapaça nas emissões. A empresa ou uma de suas entidades corporativas deve se admitir culpada, como parte do acordo.
No Brasil, o Ibama impôs uma multa de R$ 50 milhões à Volks em 2015, em razão da fraude. Unidades da picape Amarok vendidas no país continham o dispositivo. OUTRO LADO Os advogados que representam Schmidt não se pronunciaram.
Jeannine Ginivan, portavoz da Volkswagen, afirmou em comunicado que a montadora “continua a cooperar com o Departamento da Justiça”, mas que “não seria apropriado comentar sobre investigações em curso ou discutir questões de pessoal”. PAULO MIGLIACCI