Folha de S.Paulo

Férias e o videogame

- ROSELY SAYÃO COLUNISTAS DESTA SEMANA segunda: Guilherme Wisnik; terça: Rosely Sayão; quarta: Jairo Marques; quinta: Sérgio Rodrigues; sexta: Tati Bernardi; sábado: Luís Francisco Carvalho Filho; domingo: Antonio Prata

ALGUMAS MÃES cujos filhos adoram jogar videogame, e que controlam rigorosame­nte os horários de jogo durante o período em que eles têm aulas, querem saber se podem liberar durante as férias e por quanto tempo ao dia. Como há muitas crianças nessa situação, vamos conversar sobre o tema.

Foi nos anos 1970 que esses jogos passaram a ser usados com frequência por crianças e adolescent­es e, durante muito tempo, poucos estudos e pesquisas foram realizados para sabermos mais sobre o impacto deles na vida dos mais novos.

Hoje a situação é diferente, mas mais complicada. Temos pesquisas e estudos, mas estes não chegam às mesmas conclusões.

Alguns resultados permitem aos estudiosos e pesquisado­res afirmar categorica­mente que jogar videogame é prejudicia­l às crianças e aos adolescent­es. Entre os efeitos negativos que eles apontam, os mais citados são o aumento da agressivid­ade e o desenvolvi­mento da dependênci­a do uso dos jogos eletrônico­s, inclusive dos que estão na rede.

Mas há também os que afirmam que a prática de jogar não afeta em nada o rendimento escolar, o relacionam­ento familiar, o nível de agressivid­ade e de atenção dos mais novos. Alguns estudos apontam, inclusive, que determinad­os jogos podem melhorar a socializaç­ão e até a cognição espacial dos jogadores. Permitir que os filhos joguem ou não, é uma escolha de cada família.

Impedir, pelo menos em casa, não fará mal algum a eles. Mas é bom Hoje, temos muitas pesquisas sobre a influência dos jogos eletrônico­s nos jovens, mas com resultados diferentes saber que eles jogarão na casa de colegas e amigos, portanto sempre é bom conversar a respeito do tema dos jogos que eles conhecem. É que, a partir da década de 1990, jogos muito violentos foram —e seguem sendo— sucesso entre a garotada, e isso exige dos adultos orientaçõe­s para que eles não confundam a realidade com o cenário dos jogos, ou seja, não achem “normal” agredir pessoas, por exemplo.

Permitir que os filhos joguem também não será prejudicia­l, desde que alguns pontos sejam ponderados. Vamos começar com a questão do tempo, que tanto preocupa os pais.

Há a orientação geral de que crianças e adolescent­es não joguem por mais de uma hora seguida. Entretanto, esse tempo não pode ser aplicado para toda criança e todo adolescent­e porque para alguns será demais e, para outros, pouco.

Conhecer bem o filho e seu ritmo na vida ajuda bastante a determinar o melhor intervalo de tempo para ele. Mas, durante as férias, os pais podem dar uma relaxada e flexibiliz­ar: permitir um pouco mais, ou o mesmo tempo duas vezes ao dia, por exemplo.

Jogar imediatame­nte antes do horário de se recolher pode prejudicar o relaxament­o necessário ao sono, por isso, evitar esse horário é uma boa dica aos pais.

Finalmente, além de estar atentos ao conteúdo dos jogos, é importante também que os pais cuidem da postura das crianças e jovens enquanto eles se divertem no jogo, da distância do olho à tela do computador, principalm­ente, e da altura do som, caso eles usem fone de ouvido. Prevenir problemas posturais, da visão e da audição dos mais novos nesses tipos de jogos é fundamenta­l!

Não é fácil tutelar os filhos com tantas tentações gostosas disponívei­s a eles, não é verdade? Mas é melhor acompanhar, orientar e restringir horários mesmo com a reação negativa deles do que abandoná-los ou ser rígido demais.

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