Folha de S.Paulo

Mantenedor da cultura culinária armênia

- ARMANDO DEYRMENDJI­AN (1940-2016) PAULO GOMES FULA FRIDMAN - Aos 70, casado com Sitta. Cemitério Israelita do Butantã, av. Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia, 5.530, Butantã. JOSÉ ROBERTO BILÓRIA - Aos 54, solteiro. Crematório Prever, av. 15 de Novembro, 1.9

O sobrenome difícil guarda duas informaçõe­s sobre Armando Deyrmendji­an. A primeira é a ascendênci­a armênia, que o “ian” entrega. A segunda, a tradução, denuncia o ofício familiar: segundo o filho, significa “aquele que mexe com farinha”.

Seu pai veio pequeno ao Brasil, com a família em fuga do genocídio armênio —o avô chegou a ficar em campos de trabalho forçado.

Instalados na Luz, reduto armênio em São Paulo, os Deyrmendji­an abriram uma sapataria, mas o negócio faliu. A saída foi apostar no dom que estava no sangue. Nascia então a Effendi, em 1973, tradiciona­l esfirraria do bairro.

Palmeirens­e, Armando chegou a jogar como centroavan­te nas categorias de base do clube. Lá ganhou o apelido de “Armé”, um misto de referência a seu nome e sua origem. Ligado à família, não seguiu adiante e logo tomou parte nos negócios.

Fumante inveterado, boca suja e apostador de jogos de azar, tinha fama de garanhão na “rua das noivas” —até o dia em que, já com mais de 40, conheceu a vendedora Dária.

Quando a viu, soube que era a mulher da sua vida. Casaram-se e tiveram dois filhos. Ao menino, dizia que seria o seu sucessor na esfirraria, ainda que a criança não soubesse o significad­o da palavra.

Nos últimos anos, teve a lucidez comprometi­da pela demência. Em outubro, a filha se casou. Há tempos sem reconhecer os filhos como tais, Armando pronunciou: “Como você está linda, minha filha.”

Morreu no último dia de 2016, de insuficiên­cia respiratór­ia, em Santos (SP). Deixa a mulher, Dária, e os filhos Armando e Verônica. coluna.obituario@grupofolha.com.br 7º DIA

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