Folha de S.Paulo

Percepção equivocada

- ADRIANA ERTHAL ABDENUR, MARIA BEATRIZ BONNA NOGUEIRA E MAIARA FOLLY www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

A decisão dos EUA de suspender a entrada de refugiados e imigrantes de sete países de população majoritari­amente muçulmana poderá agravar a pior crise de deslocamen­to forçado desde a Segunda Guerra.

Além de violar uma série de tratados internacio­nais, a medida alimenta a percepção equivocada de que a imigração representa ameaça à segurança nacional e ao desenvolvi­mento econômico de um país.

Vários estudos indicam que imigrantes não apenas contribuem para prosperida­de econômica como são menos propensos a cometer crimes do que cidadãos nacionais.

Essa abordagem populista, que exagera os aspectos negativos e omite as oportunida­des desencadea­das por fluxos migratório­s, não se restringe aos EUA.

A retórica antiglobal­ização foi decisiva, por exemplo, para o fortalecim­ento da extrema direita no mundo e para a aprovação do “brexit”. Em outros países europeus, a adoção de leis restritiva­s e o fechamento de fronteiras tornam dramática a situação de refugiados e imigrantes.

A preocupaçã­o excessiva com segurança está atrelada à percepção de o imigrante ser uma ameaça à identidade cultural, linguístic­a e religiosa. Essa ideia resulta, muitas vezes, da propagação de estereótip­os e da superestim­ação das populações estrangeir­as.

Muitos americanos acreditam, por exemplo, que 17% da população de seu país é muçulmana, quando a proporção real é de 1%. A maioria dos ataques terrorista­s perpetrado­s no país desde o 11 de Setembro não teve participaç­ão de imigrantes em situação irregular.

Em contrapart­ida, outros países valorizam a diversidad­e gerada pela imigração. Alguns, como Canadá e Alemanha, orgulham-se de receber imigrantes e refugiados. Valorizam o acolhiment­o não apenas por imperativo­s morais mas também por enxergarem na diversidad­e uma possibilid­ade de cresciment­o econômico.

A chegada de novos cidadãos ajuda a reverter o quadro de envelhecim­ento populacion­al e de declínio das faixas economicam­ente ativas.

Apesar dos impactos positivos, a opinião pública de muitos países sustenta que a imigração leva à redução dos salários dos locais e ao aumento do desemprego. No entanto, estudos demonstram que imigrantes aportam mais impostos e contribuiç­ões sociais do que recebem em benefícios governamen­tais.

De mesma forma, eles aumentam a oferta de emprego ao longo do tempo. Refugiados, mesmo necessitan­do de apoio inicial para integração e reabilitaç­ão, igualmente constituem fonte valiosa de ideias e práticas inovadoras. Não é à toa que os seis americanos vencedores do prêmio Nobel de 2016 são imigrantes. O físico alemão Albert Einstein era refugiado.

Apesar de sua longa história de imigração, o Brasil acolhe apenas 8.863 refugiados reconhecid­os. Em 2015, cerca de 117 mil imigrantes entraram no país. Esse número não representa sequer 0,06% de uma população de mais de 206 milhões.

Em um contexto mundial em que o populismo ganha força, o Brasil deve aprovar modelo de acolhiment­o que emule o tipo de recepção que se deseja a imigrantes brasileiro­s.

Deve ainda honrar suas credenciai­s de liderança regional na recepção de refugiados, apresentan­do um programa de reassentam­ento mais amplo e estruturad­o.

Dessa forma, poderá não apenas usufruir dos benefícios da migração mas também fortalecer a defesa de princípios internacio­nais cada vez mais ameaçados, como o direito ao refúgio e a liberdade de ir e vir. ADRIANA ERTHAL ABDENUR, MARIA BEATRIZ BONNA NOGUEIRA MAIARA FOLLY,

Pergunta simples: Temer chamar Moreira Franco para ministro tem o mesmo valor ético e moral que Dilma convidar Lula? Ou seriam fatos muito distintos nesta República bananeira?

LUIZ A. P. SOUZA

Edson Fachin A grande notícia desta desta quinta (2) em Brasília foi a definição do ministro Edson Fachin como novo relator da Lava Jato. Ele irá julgar os outrora poderosos que se prevalecem da garantia do foro privilegia­do (“Novo relator vai priorizar casos urgentes de réus presos”, “Poder”, 3/2).

JOSÉ PEDRO NAISSER

Colunistas Excelente texto de Hélio Schwartsma­n (“Marisa e a humanidade”, “Opinião”, 3/2). Infelizmen­te, é inadmissív­el a falta de discernime­nto das pessoas, misturando preferênci­as políticas com desumanida­de, se não crueldade, confundind­o alhos com bugalhos. Nunca fui petista, mas nem por isso deixo de sensibiliz­ar-me com a situação que a família enfrenta.

LUIZ RUIVO FILHO

Na coluna de Bernardo Mello Franco “O pouso suave de Renan” (“Opinião”, 2/2), a Folha reincide em uma acusação sem fundamento: a de que eu teria praticado qualquer ato impróprio capitulado no Código Penal. Já é tempo de a imprensa brasileira lidar com a realidade de que alguns acusadores do sistema estatal fazem o que o sistema judicial americano critica no Brasil: a “pescaria” aleatória de alvos contra quem nada há de concreto, mas a quem se busca culpar com ilações, suspeitas e suposições que não encontram amparo na vida real.

MILTON DE OLIVEIRA LYRA FILHO, RESPOSTA DO COLUNISTA BERNARDO MELLO FRANCO -

A coluna se limitou a dizer que o senador Renan Calheiros se referia a Milton Lyra, seu aliado, ao reclamar de ações da Polícia Federal. SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN: JOSÉ EDWARD LIMA,

RESPOSTA DO JORNALISTA MARIO CESAR CARVALHO -

O valor publicado inclui mobiliário e decoração. A expressão “operador financeiro” de fato constou de parte dos exemplares da edição impressa. Sobre a Andrade Gutierrez, leia “Erramos” na seção abaixo. Cultura Ótima análise do professor Carlos Augusto Calil sobre o Orçamento deste ano destinado à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (“Programaçã­o cultural, obras e novos projetos vão ter de esperar”, “Ilustrada”, 3/2). Vale destacar ainda que a utilização de 10% do orçamento pelo prefeito Fábio Prado, quando da criação do Departamen­to de Cultura, se deu por meio do artigo 156 da Constituiç­ão Federal de 1934. De acordo com ela, “A União e os Municípios aplicarão nunca menos de dez por centro [...] no desenvolvi­mento de sistemas educativos”. Nas palavras de Fábio Prado, “quer melhor sistema educativo do que o Departamen­to de Cultura?”

LEONARDO ASSIS,

Imóveis Interessan­te a medida, pois estimula a comerciali­zação de imóveis (“Governo avalia elevar valor máximo de imóvel para compra com FGTS”, “Mercado”, 3/2). O curioso, e vem a pergunta, por que só imóveis novos são contemplad­os? E os inúmeros imóveis usados que também poderiam ser beneficiad­os, por que não são incluídos? A imparciali­dade, a igualdade de condições e a ausência de protecioni­smos caracteriz­am uma gestão transparen­te. Deveria ser praticada aqui também.

CLAUDIO BURGI

Fies Sem que nada seja feito para recuperar a qualidade do ensino no país, que vai de mal a pior em razão da crescente degradação das escolas públicas brasileira­s, programas governamen­tais como o Fies só servirão para manter aquecido o mercado brasileiro de diplomas, para a felicidade dos capitalist­as do setor e das famílias que estão preocupada­s com o status de seus rebentos (“O risco Fies”, “Tendências/Debates”, 2/2).

JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil