Trump age para liberar bancos de restrição adotada após crise global
Presidente dos EUA ordena revisão de lei e abre espaço para reduzir controle sobre instituições
Republicano, que bateu forte em Wall Street na campanha, afirma que medidas servirão para criar mais empregos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início ao desmonte das restrições aplicadas a Wall Street depois da crise financeira de 2008, o que pode significar um enorme alívio para as instituições que foram apontadas como as grandes responsáveis pelo colapso global.
Ele ordenou a revisão de uma histórica lei de reforma do sistema financeiro, o que, se confirmado pelo Congresso, diminuirá o controle das autoridades regulatórias sobre bancos e corretoras.
A iniciativa de Trump para derrubar parte da Lei DoddFrank, que inclui proibições a que instituições financeiras operem com títulos em benefício próprio, prenuncia a maior reacomodação regulatória do setor em seis anos.
“Nossa expectativa é eliminar boa parte da Dodd-Frank, porque, francamente, conheço muita gente, muitos amigos, que têm empresas boas e não conseguem tomar dinheiro emprestado”, disse Trump, acompanhado de alguns dos principais executivos de Wall Street, como James Dimon, presidente do JPMorgan, maior banco dos EUA.
Especialistas não têm dúvidas de que a lei adotada em 2010, no governo Barack Obama, tornou mais caro o custo para as instituições.
A contrapartida oferecida, porém, era a promessa de que os consumidores teriam um sistema mais seguro e que não teriam de arcar com um resgaste aos bancos como o de 2008, quando houve injeção de centenas de bilhões para evitar uma quebradeira geral.
Trump, que atacou duramente Wall Street na campanha eleitoral, defendeu a mudança na lei, dizendo que ela permitirá que os bancos emprestem mais para empresas, possibilitando, por sua vez, a contratação de trabalhadores.
Essas ações mostram que o republicano, depois de uma campanha com tom populista, busca agora atender os interesses de Wall Street e de outras grandes empresas.
Trump também ordenou a revisão de uma regra adotada sob Obama que força os consultores de investimento a agir sempre no melhor interesse de seus clientes.
O presidente tem capacidade limitada para promover o desmonte da Lei Dodd-Frank. Só o Congresso pode mudála substancialmente, e, ainda que as autoridades regulatórias tenham alguma flexibilidade quanto à forma de aplicação dos dispositivos, eles precisam passar por um complicado processo burocrático para mudar suas regras.
Com o anúncio, as ações dos grandes bancos dos EUA dispararam nesta sexta (3). PAULO MIGLIACCI