Cortes no orçamento adiam aulas de escola municipal de arte
Após contingenciamento de 43% na Cultura, ano letivo da Emia deve começar apenas em março e corpo docente terá redução de 30%
FOLHA
O congelamento do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura suspendeu o início das aulas da Emia (Escola Municipal de Iniciação Artística), marcado para esta segunda (13). Sem verbas, contratos dos professores não puderam ser renovados.
Também foi exonerada do cargo a diretora da instituição, Andrea Fraga. De acordo com André Sturm, secretário municipal da Cultura, o corpo docente da Emia sofrerá ainda um corte de 30%.
O início das aulas na Emia foi remarcado para o dia 6 de março. “A diminuição no quadro de professores pode ferir o espírito da escola. O mundo nos últimos anos tem nos dado só surpresas negativas”, disse Francisco Paulo Gomes Simões, 47, servidor público que tem dois filhos matriculados na instituição.
A escola, que fica no Parque Municipal Lina e Paulo Raia, no bairro do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, foi criada há 37 anos com o intuito de promover a aprendizagem baseada no fazer artístico, com aulas de música, dança, teatro e artes visuais para crianças de cinco a 12 anos.
Atualmente, 1.200 alunos frequentam a Emia, que conta com um corpo docente formado por 48 professores artistas. “Não podemos nos manifestar, pois alguns de nós que tomaram essa atitude começaram a sofrer perseguições”, disse, sem querer se identificar, um professor que há sete anos presta serviços à escola.
Cerca de 20 alunos e ex-alunos, munidos de instrumentos musicais e vestindo a camiseta da instituição, tocaram “Asa Branca”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, em protesto às decisões da secretaria, que sofreu um corte de 43% no orçamento —de R$ 453 milhões, em 2016, a verba caiu para R$ 256 milhões neste ano.
A Apea (Associação de Pais, Alunos e Ex-alunos) planeja nesta segunda (13) ocupar a escola em protesto.