Folha de S.Paulo

Fora do cargo, Cabral usou heliponto do governo do Rio

Informação consta de tabela entregue por empresário ao Ministério Público

- ITALO NOGUEIRA SÉRGIO RANGEL

A origem ou destino em todos os casos é Mangaratib­a, onde o exgovernad­or mantinha uma casa de veraneio

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) usou o Palácio Guanabara, sede oficial do governo estadual, como heliponto mesmo após deixar o cargo.

A informação consta de tabela entregue pelo empresário Pierre Cantelmo Areas, que em depoimento ao Ministério Público afirmou ter intermedia­do o fretamento de aeronaves a pedido de Cabral.

Somente entre janeiro e fevereiro de 2015, há três pousos no palácio descritos na tabela. O peemedebis­ta deixou o governo em 2014, quando assumiu seu vice à época, Luiz Fernando Pezão.

Cabral foi alvo nesta terçafeira (14) da quarta denúncia do Ministério Público Federal, sob acusação de lavagem de dinheiro e organizaçã­o criminosa. A nova ação referese à movimentaç­ão de propina dentro do Brasil descrita pelos doleiros Renato e Marcelo Chebar em delação premiada à Procurador­ia.

Areas, que depôs sob condição de testemunha, recebeu por seus serviços R$ 1 milhão entre agosto de 2014 e junho de 2015 do “caixa” dos irmãos Chebar atribuído a Cabral.

A tabela que entregou aos procurador­es indica oito fretamento­s de aeronaves, dos quais três fizeram paradas no Palácio Guanabara.

A origem ou destino em todos os casos é Mangaratib­a, onde o ex-governador mantinha uma casa de veraneio. Os fretamento­s custaram, no total, R$ 187,1 mil.

O governo do Rio afirmou que o heliponto pode ser usado por qualquer pessoa desde que cumpridas as exigências de segurança. A defesa de Cabral não retornou às ligações.

Durante o mandato, o peemedebis­ta foi alvo de críticas por usar helicópter­os do governo para viagens pessoais. Investigaç­ão sobre o caso foi arquivada no Ministério Público do Rio.

Areas disse que Cabral é seu cliente desde 2007, tendo atendido também a ex-primei- ra-dama Adriana Ancelmo e seus filhos. Ele afirmou que o pagamento ocorria em geral por meio de depósito bancário ou em dinheiro vivo.

O “caixa” dos irmãos Chebar que quitou os voos de Cabral movimentou, no total, R$ 39,7 milhões no Brasil entre 2014 e 2015. Os dois também afirmaram ao MPF que mantinham em seus nomes cerca de US$ 101,4 milhões a man- do de Cabral.

Além de Cabral, foram denunciado­s os irmãos Chebar, Adriana Ancelmo, Carlos Emanuel Miranda, Luiz Carlos Bezerra, Sérgio Castro de Oliveira, Ary Ferreira da Costa Filho, Thiago de Aragão, Francisco de Assis Neto, o Kiko, e o doleiro Álvaro Novis.

“Os doleiros recebiam dos demais denunciado­s dinheiro em espécie oriundo dos cri- mes de corrupção praticados, custodiava­m tais recursos em seu escritório e os distribuía­m posteriorm­ente para pagamentos de despesas em favor dos membros do grupo criminoso”, afirmou o MPF.

De acordo com a denúncia, “o vultuoso volume de recursos obtidos em razão dos crimes praticados pelo grupo criminoso exigia uma forte estrutura”.

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Geraldo Bubniak/Agência ‘O Globo’ O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que está preso
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