Polêmico, médico tinha orgulho das raízes humildes
Em maio de 2013, fiz parte de uma comitiva médica que visitou serviços de saúde israelenses a convite da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria.
O médico e empresário Edson de Godoy Bueno, morto nesta terça (14), integrava a comitiva. À época, acabara de vender a Amil Assistência Médica para a UnitedHealth Group e se tornado o seu principal acionista individual.
Um dos homens mais ricos do Brasil, com fortuna estimada em US$ 3,1 bilhões, Bueno impressionava pelo jeitão simples. Tinha orgulho das suas raízes humildes e contava histórias da época em que era engraxate em Guarantã (SP). Entre elas, a de quando, aos 14 anos, decidiu que cursaria medicina após se acidentar e ser atendido pelo médico da cidade.
Nos bastidores da medicina, era uma figura polêmica. Parte dos profissionais o via como um “explorador da mão de obra médica”, que havia enriquecido pagando mal aos profissionais que prestavam serviços à Amil.
A maioria, porém, admirava o médico que se transformou em um dos maiores empresários do mundo.
Próximo a gurus da administração, como Peter Drucker e Michael Porter, Bueno costumava dizer: “Se você quer ser sardinha, ande com sardinhas. Se quer ser tubarão, ande com tubarões”.
Naquela tarde de maio, o empresário era mais um integrante da comitiva a caminhar pelo centro velho de Jerusalém. Em um certo momento, ele se ofereceu para carregar as minhas compras.
Edson Bueno reunia muitas conquistas e controvérsias. Mas, para mim, a lembrança que também fica é a de um homem gentil.