Marginal tem 1ª morte após aumento de limite
Acidente ocorreu na marginal Pinheiros, 21 dias depois de Doria mudar as velocidades
DO “AGORA”
Um homem de 50 anos morreu após bater com sua moto em um carro quebrado nesta terça (14), na primeira morte nas marginais depois do aumento dos limites de velocidade pela gestão João Doria (PSDB), em 25 de janeiro.
A batida ocorreu pouco antes das 6h na pista expressa da marginal Pinheiros, sentido Castelo Branco, próximo à estação Ceasa da CPTM.
Um Gol 1993 com uma professora de 50 anos ao volante sofreu uma pane na pista expressa —cujo limite mudou de 70 km/h para 90 km/h.
Ela disse que ligou o piscaalerta e se afastou para chamar socorro. A moto atingiu o carro logo em seguida.
Segundo o boletim de ocorrência, o motociclista tentou desviar do veículo. A polícia vai apurar a velocidade dele. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) lamentou o acidente e disse que as cir- cunstâncias serão apuradas.
O último acidente fatal nas marginais antes desse aconteceu em 22 de dezembro, também na pista expressa da Pinheiros, próximo à ponte do Jaguaré, porém sentido Interlagos. Um automóvel e uma moto colidiram, deixando um morto e um ferido.
O aumento da velocidade nessas vias, promessa eleitoral de Doria, é alvo de críticas de especialistas e entidades.
Desde a mudança até 7 de fevereiro, num intervalo de 14 dias, foram registrados 48 acidentes com feridos, sendo 39 envolvendo motociclistas.
A CET não divulgou dados do mesmo período em 2016. Nos dois primeiros meses do ano passado, a marginal Pinheiros não registrou mortes.
Apesar de as informações disponíveis não permitirem relacionar diretamente a mudança de limite ao acidente desta terça, especialistas alertam para o aumento do impacto e para a diminuição do tempo de reação com as velocidades mais altas.
Cálculos do consultor em transportes Horácio Figueira, da USP, mostram que a energia de uma colisão a 90 km/h é até 65% maior do que a 70 km/h. Para Figueira, “é prematuro concluir qualquer coisa a respeito de um só caso”. “É preciso esperar os dados de pelo menos três meses com novas velocidades.”
Sobre o acidente, o especialista destaca que seria necessário que a marginal, por ser uma via expressa, contasse com pelo menos uma faixa de acostamento.