Produtor musical que foi a pé até a Colômbia
“Eu vou procurar o meu lugar”, cantou Fortunato Arduini na faixa de abertura do único disco da banda que teve com o parceiro Tony Bizarro.
Na época ele já era Frankye, e o aclamado disco, “Tony e Frankye”, de 1971, produzido por Raul Seixas e hoje considerado preciosidade, nunca teve sequência. No auge do sucesso, Frankye resolveu dar um tempo dos palcos e ir pé até os Estados Unidos para procurar seu lugar.
Caminhou dias seguidos por uma Transamazônica 2º ANO ainda em construção, conta sua mulher, Domingas. Mas a viagem foi interrompida quando chegou à Colômbia. No mesmo grupo de Frankye estava a filha de um general que fugira com um hippie, e, por retaliação do militar, tiveram que encerrar a missão.
Na volta ao Brasil, percebeu que gostava tanto da vida de andarilho que decidiu trabalhar como carteiro na nova capital, Brasília. Chegando lá descobriu que tinha contraído tuberculose na estrada e foi se tratar em São Paulo, sua terra natal.
Na capital paulista, começou a trabalhar com produ- ção em estúdios, carreira que seguiu por toda a vida. Fez jingles e vinhetas para rádios e continuou compondo.
Morou por seis anos nos Estados Unidos, na década de 1990, onde trabalhou na divisão internacional da gravadora de música eletrônica Paradoxx, difusora da dance music no Brasil.
Sonhava em comprar um pedaço de terra para plantar, mas teve o projeto interrompido no último dia 5, quando, aos 69, morreu após complicações de uma doença nos rins. Deixa a mulher, Domingas, quatro filhas e dois netos. coluna.obituario@grupofolha.com.br