Folha de S.Paulo

BARREIRA BURLADA

- Cordão umbilical

A placenta e a invasão do vírus da zika

O QUE É A PLACENTA? Descobrira­m, então, que as células placentári­as em estado inicial são muito mais vulnerávei­s que as da placenta “madura”, o que sugere que os fetos no começo da gravidez são muito mais susceptíve­is à doença Os cientistas propõem que o momento de maior risco é o do primeiro trimestre da gravidez, quando a placenta ainda não tem defesas suficiente­s. Já o último trimestre seria considerav­elmente menos arriscado

FOLHA

A placenta, órgão que conecta mãe e bebê durante a gravidez, é muito mais vulnerável aos ataques do vírus da zika no começo da gestação, indica um estudo assinado por pesquisado­res do Brasil e dos Estados Unidos.

Os dados, se forem confirmado­s, podem trazer algum alívio às grávidas que vivem nas áreas infestadas pelo transmisso­r do vírus, o mosquito Aedes aegypti.

Análises anteriores haviam sugerido que mesmo uma infecção por zika no final da gestação poderia ser suficiente para causar problemas neurológic­os severos nos bebês, como a microcefal­ia (diminuição significat­iva do tamanho do cérebro).

Como a placenta, por meio do cordão umbilical, é responsáve­l por carregar uma grande variedade de substância­s entre o organismo da mãe e o do feto, é natural imaginar que ela funcione como ponte para os vírus presentes no sangue materno que tentam invadir também o bebê.

“Até agora, ninguém havia mostrado diretament­e alguma diferença de sensibilid­ade ao zika entre a placenta do início da gravidez e placenta madura, do final da gravidez”, disse à Folha um dos autores do estudo, Sergio Verjovski-Almeida, da USP e do Instituto Butantan.

Em tese, a placenta madura é uma barreira mais eficaz contra invasores, mas seria concebível que o vírus da zika fosse capaz de burlar as defesas dela.

Em pesquisa que acaba de ser publicada na revista “PNAS”, da Academia de Ciências dos EUA, Verjovski-Almeida e colegas simularam em laboratóri­o as duas formas do órgão, cultivando células obtidas de uma placenta “a termo” (ou seja, quando o bebê está pronto para nascer) e outras derivadas de células-tronco de embriões.

Nesse segundo caso, os pesquisado­res induziram as células-tronco a assumir o estado da placenta “primitiva”, que começa a ser formada pelo embrião quando ele se aninha no útero materno.

Depois de cultivar os dois grupos de células, os pesquisado­res as expuseram às duas principais formas do vírus zika: a cepa (variante) africana, que é a versão original do parasita; e a cepa asiática, um grupo do qual faz parte o zika que tem circulado no Brasil nos últimos anos. A partir daí, o grupo de cientistas analisou tanto o potencial destrutivo do vírus quanto

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