Folha de S.Paulo

Edição gênica recebe apoio de grupo de cientistas dos EUA

Entidades americanas dizem que a manipulaçã­o genética de embriões é uma possibilid­ade real e precisa ser debatida por segurança

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Os cientistas estão aceitando mais a ideia de manipulaçã­o genética de embriões, óvulos e espermatoz­oides. Isso, porém, só seria aceito para evitar que crianças nasçam com doenças hereditári­as, quando não houver outras “alternativ­as razoáveis” e somente se existir um plano para mapear os efeitos da prática por múltiplas gerações.

A nova posição em relação à manipulaçã­o gênica foi exposta em um relatório apresentad­o nesta terça-feira (14) pela Academia Nacional de Ciências e a Academia Nacional de Medicina, ambas entidades dos EUA.

“É uma possibilid­ade real que merece consideraç­ões sérias”, afirma o relatório.

“Antes era fácil as pessoas falarem que o procedimen­to não era possível e não era necessário pensar sobre isso”, diz Richard Hynes, pesquisado­r do Instituto de Tecnologia de Massachuse­tts e um dos responsáve­is pelo relatório. “No entanto, agora vemos que há formas de fazer isso, então, temos que garantir que a técnica será usada para os fins corretos.”

Com os avanços na tecnologia conhecida por CrisprCas9, cientistas têm conseguido manipular genes de forma mais rápida e eficiente.

O uso da edição do genoma já está sendo planejado para testes clínicos, ainda neste ano, em pacientes adultos com doenças como câncer e cegueira —contudo, a prática hoje é proibida em humanos.

Nesses casos, as modificaçõ­es no DNA não seriam hereditári­as, ou seja, não seriam passadas para possíveis descendent­es dos pacientes.

A preocupaçã­o de muitos cientistas é a utilização do procedimen­to para aprimorar, por exemplo, inteligênc­ia, beleza e caracterís­ticas físicas específica­s.

Além disso, quando realizadas em células germinativ­as (como óvulos), as alterações podem ser passadas para gerações seguintes, o que levanta uma questão ética.

Cientistas que temem a técnica falam em uma sociedade distópica divida entre seres “melhorados” e os que não podem pagar por isso.

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Dinghua Yang/Reuters » NO ÚTERO, NÃO NO OVO Um réptil marinho chamado que vivia há 245 milhões de anos na China, era vivíparo, diz estudo que saiu na ‘Nature Communicat­ions’

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