Folha de S.Paulo

Cunha tem mais perguntas

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BRASÍLIA - Eduardo Cunha planejava passar o Carnaval no Rio. Obrigado a ficar em Curitiba, decidiu retaliar antigos companheir­os de folia. É o que indica o novo questionár­io que ele enviou à Justiça Federal.

O correntist­a suíço voltou a arrolar Michel Temer como testemunha de defesa num processo por corrupção. Desta vez, na ação que investiga fraudes em fundos administra­dos pela Caixa Econômica Federal.

Cunha fez 19 perguntas, reproduzid­as pelo site da revista “Época”. Elas tratam de acertos com empreiteir­as para bancar campanhas do PMDB e falam explicitam­ente no pagamento de “vantagens indevidas”, eufemismo jurídico para propina.

O questionár­io começa com uma dúvida singela: “Em qual período o senhor foi presidente do PMDB?”. Em seguida, Cunha faz perguntas sobre Moreira Franco, promovido a ministro após o Supremo homologar as delações da Odebrecht.

O ex-deputado questiona Temer sobre a vice-presidênci­a de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, feudo do PMDB no governo Dilma. Também menciona a campanha de Gabriel Chalita em 2012, lançada e patrocinad­a pelo atual presidente.

O questionár­io joga na roda o nome de Joaquim Lima, que tem passado incólume pelo noticiário da Lava Jato. Ele foi nomeado presidente interino da Caixa dias depois do impeachmen­t. Pelo que Cunha sugere, é um arquivo ambulante sobre fatos investigad­os pela Polícia Federal.

O ex-deputado também menciona outros dois personagen­s pouco conhecidos: André de Souza, do conselho do FI-FGTS, e uma tal Érica, cujo sobrenome não é informado.

As perguntas foram encaminhad­as à 10ª Vara Criminal Federal de Brasília. Se o juiz Vallisney de Souza Oliveira não seguir o exemplo de Sergio Moro, que barrou o primeiro questionár­io de Cunha a Temer, o Planalto tem motivos para se preocupar. Não é à toa que continua a pressão pelo fim da “alongada prisão” do correntist­a suíço.

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